Meu passarinho

Da fruta caída, no chão esquecida, sorvida então no bico do tico tico, que posso pensar do meu cantinho aqui escondidinho atrás da janela? Talvez que sua face virada pra mim, do seu movimento suave e mansinho, posso pensar assim que minha alma é também um elegante passarinho a pular em pensamento no jardim! Mesmo que ele esteja vivendo lá fora, mesmo que eu esteja observando atento, mesmo que ele vá pra sempre embora, não há início nem fim neste eterno evento!

Para todas as mães

Desde o dia de sua partida, aquela mãe é sempre procurada, em cada esquina de nossa vida! Vejo cada mãe tão querida, pois toda mãe é tão amada! Nenhuma mãe é esquecida! Há uma mãe ainda permanente, aquela que vem sempre aqui com seu olhar de amor e de luz! Nenhuma mãe está tão ausente, pois em cada uma vejo e vi, o amor de Maria aos pés da cruz!

Poema Solar

Os sóis outonais também tem seus frutos; são sóis pendurados em arbustos, tais como em vultos são debulhados sorrisos ou como em rostos são desvelados os sustos! Os sóis invernais nos dias de densa neblina, nem bem sei o que digo! Pois junto à neve na colina ou seus raios transversais deslizando sobre os telhados, dá-nos um frio no umbigo! Os sóis do esperado verão para muitos amantes do mar ou dos passeios praianos, destes sóis muitos terão às claras sonhos insanos! Deles nem é bom contar, Ó meu Deus quanta ilusão! Sobre os sóis da primavera, Agora o que eu digo? Sejam flores pelos caminhos, brilhando com todas as cores, bailando pelos cantinhos! Em cada covinha do rosto, um sol nascendo, outro sol posto!

Canção dos perseguidos

Onde estão os que foram perseguidos? Quantos foram torturados pelo seu Santo Nome! Dizei-me Senhor das preces que atravessam as grades como os faróis que atravessam os mares! Dai-me a chave secreta enterrada na sétima caixa de uma fábula antiga, onde se encontra a mensagem exata dos mestres, envelhecida, mas dourando ainda as novas gerações e me diga: Para onde foram os banidos? Onde se encontram os poetas perseguidos com suas Cantilenas da verdade universal? Onde estão os que perderam a cidadania, o direito de ser e estar em nome da igualdade e tiveram podadas as asas dos seus sonhos pelas garras do Grande Dragão da Maldade e da Perseguição, que muitas vezes anda solto por aí? Ensinai-me Senhor a lição que ficou de cada canção do exílio! Seja esta canção ouvida pelos angustiados e oprimidos e faça da mesma sua Santa Ceia como uma refeição de cada dia! Calce Senhor os pés dos que sangraram sob o poder do Grande Centurião e vista seus corpos desnudos! Onde estão os prisioneiros com seus trajes maltrapilhos, arrastando suas candeias seculares, jogados ao fundo dos poços a pão e água, por perceberem a realidade saindo da face do cristal cósmico! Ensinai-me Senhor a oração milagrosa e protetora para os infelizes, de forma que eu possa abrir sorrisos nos lábios enclausurados a força! Ensinai-me esta linguagem em forma de cinzel e que eu saiba conservar e avivar a chama sagrada do seu Templo Eterno! Abençoai as idéias prototipotizadas antes do tempo; que eu saiba pensar no pretérito sempre perfeito e me faça canal de sua verdadeira luz!

Soneto a Deus

Ó Eterno como é bom a gente acordar com esta vontade de abraçar este dia! Mas Ó Eterno, quanta paz e tanta alegria sentir este universo que estás a bordar! Ó Eterno abençoe meus caminhos e passos de forma que alcance o amor e a verdade! Que eu seja um habitante desta cidade, distribuindo sorrisos, embalando abraços! Vivendo plenamente em sua eternidade, no semblante radioso deste momento, seja em mim ou tudo que esteja fora! Que tenha permanentemente serenidade e nada atinja ou confunda meu pensamento, ao viver com sabedoria este aqui e agora!

Poema da Amizade

Amigo(a), assim como o eterno Rei Roberto, hoje venho te dizer de peito aberto muito obrigado! Por tudo, por sua presença, por sua generosidade! Pelo seu abraço apertado e pelo seu aperto de mão! Amigo(a), alguém dirá com um sorriso bem certo que este termo muito obrigado já está desgastado de tanto que é pronunciado com tanta facilidade, com toda a força retirada lá do fundo do pulmão! Mas amigo(a), quando estamos perdidos no deserto desta vida, no sofrimento com o alforje esvaziado, a alma desaquecida, entristecida sangrando a claridade, sem amor, com frio, sozinho, sem água e sem pão, eu busco aquela humildade divina do Rei Roberto, diante desta sua assistência aqui sorrindo ao nosso lado! Venho agradecer a você, meu amigo(a) por sua amizade e quem diz muito obrigado pode ter certeza é meu coração!

De(cisão)

A qualquer Raimundo eu tenho o maior respeito e por maior que seja o mundo e mais simples o sujeito! Mas se sua amada se chama Raimunda, Oh! Meu Deus que barafunda! Sonho ainda meu sonho profundo de encontrar a mais bela Margarida sorridente e vestidinha de chita! Quando todos os desejos não se realizam, o mundo é um terrível poço sem fundo e a vida (cala-te boca!) é uma privada entupida! Mas é de cabeça erguida que devemos ir adiante pela vida e dar um salto a cada instante sobre a borda do mundo!