Poeta, escritor, amante da música e da arte. Um ser humano muito simples em busca do significado profundo da vida, que é o amor, por onde a humanidade ganha sentido no exercício da fraternidade.
sábado, 24 de setembro de 2011
LOUCO VARRIDO
Desde pequeno todo mundo dizia que ele tinha cara de doido. Saulo levanta-se cedo. 4:30 da manhã, enquanto a madrugada dá seu último suspiro. Precisa chegar pontualmente ao trabalho às sete. São duas conduções. Poucas pessoas na avenida. Ao seu lado um louco de verdade. Louco por louco, a diferença é pouco. Num ímpeto o homem chuta com violência a lixeira até quebrá-la. Algumas pessoas se assustam e correm. Saulo caminha com medo. O homem volta e continua em passos desconcertantes ao seu lado. Apanha uma pedra e atira numa vitrine. Os táxis arrancam em disparada. Quatro pessoas correm desesperadas. O louco ensaia uma pequena corrida atrás deles. Saulo aproveita e sobe rapidamente em uma árvore. O louco volta. "Cadê meu colega de estrada?" Olha pra todos os lados, com os olhos arregalados e os cabelos cheios de lixo. Continua a andar. Passa um tempo infinito. As pessoas voltam a preencher a avenida. Saulo desce rapidamente da árvore. Uma senhora desmaia. Saulo chama um táxi. Correm para o pronto-socorro. A senhora é atendida. Foi só uma queda de pressão e uma leve impressão: "É que falaram que tinha um doido na rua. O senhor pulou da árvore e quando olhei pra sua cara..." Louco por louco, a diferença é pouco.
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