domingo, 28 de janeiro de 2018

Poema Socrático

Poema Socrático (José Do Amaral) Sócrates na filosofia, eu na poesia, meu Deus, tem tudo a ver! Vocês querem saber o porquê? Sócrates pressentindo que nada sabia, foi ao Oráculo de Delfos perguntar quem era o dono da sabedoria e de lá saiu sabendo que procurar é mais importante que encontrar. Pelo menos ao saber que não sabia, passou a ser conhecedor de que algo já sabia, enquanto todos os outros tagarelavam sobre tudo e nada diziam; então Sócrates saiu a procurar através da maiêutica e da ironia. Eu, um dia, ainda na minha mocidade, ao me mirar no espelho, percebi que era feio demais! Então perguntei onde a beleza vivia. Saí a procurar o que era belo por toda a cercania, por toda a parte e assim eu persistia a bater na porta da natureza que a cada vez se abria para mim em um arco íris de pluralidade beleza! Sendo assim, me tornei poeta. Fui buscar no contorno das flores, em cada pétala, a mais profunda simetria! Fui buscar em cada pedra que o caminho me oferecia, no seio de cada silêncio, a mais encantada sinfonia! Fui buscar no mais longínquo de cada floresta, o canto matinal dos pássaros silvestres homenageando toda aquela festa, com um brinde divino e harmônico de uma fantástica orquestra! Entrando na sagrada casa da natureza, se abriram mil janelas e seja no crepitar do fogo permanente que brilha em tudo, na perfeição atômica e microorganizada em cada grão da matéria, na leveza infinita do ar e na mansidão da água que a tudo se amolda, meus olhos passeiam como sentinelas que se despertam a cada toque mágico de tanta beleza! Sou um tecelão da poesia, enquanto Sócrates foi um tecelão da filosofia! Em tudo percebi um tópico, um lance que une em uma perfeita dança circular, a filosofia com a poesia. Senti um toque profético, pois tanto a filosofia quanto a poesia tem a mesma origem e o mesmo destino noético!

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