quinta-feira, 7 de abril de 2011

ASSASSINATO EM MASSA DE ALUNOS/ESTUDANTES/SÍNDROME DE BURNOUT/BULLYING/ASSÉDIO MORAL EM ESCOLAS /ALERTA NO BRASIL

A Escola Municipal Tasso Silveira, do Bairro Realengo, Zona Norte do Rio de Janeiro, foi invadida por um atirador, disfarçado em palestrante, que disparando mais de cem tiros, contra alunos, matou imediatamente doze alunos; deixando dezenas de alunos feridos, alguns gravemente, podendo aumentar o número de óbitos, porque estão em estado grave. Ele estava super armado e manejava com maestria estas armas. Num confronto com a polícia que entrou no prédio, depois de avisada por um estudante ferido, ele suicidou-se.
Não podemos colocar um ponto final nesta história. Em primeiro lugar, ele é ex-aluno desta escola, que estava nesta semana comemorando seus quarenta anos de funcionamento. Em segundo lugar, já existem comentários de que ele sofreu bullying na escola. Como ex-estudante da mesma, era apelidado de Sherman, Swingue, mancava de uma perna e sofria críticas diversas de colegas. Aparecerão várias versões para esclarecer este ato de violência. Também se diz que ele estudava islamismo, como uma forma de aliar esta religião a um fundamentalismo irracional, violento e suicida. O que não é a verdade islâmica, que prega o bem, o amor a Deus e ao próximo, assim como o judaismo, cristianismo, hinduismo, budismo, zenbudismo, taoismo, etc. ou qualquer outra religião séria deste planeta. As religiões tem suas portas abertas para a humanidade e nós sabemos muito bem que até mesmo Judas Iscariotes entrou por uma delas. Obviamente este assassino era um doente mental. Filho biológico de uma doente mental que havia tentado suicídio várias vezes e finalmente adotado por uma família. Vítima da rejeição, de uma doença mental hereditária genética, de maus tratos na escola onde era apelidado de Swingue, Sherman, inclusive mancava de uma perna, e do sistema em geral, enfraquecido em suas raízes sociais para atendimento digno desde a infância. Nascido na geração do boom do neoliberalismo, cuja ação era enxugar o estado esvaziando o sangue das veias dos trabalhadores.
Mas devemos nos conduzir a um pensamento mais profundo. Investigar em nosso subconsciente educacional, que pessoas estamos formando. Realmente, nas últimas décadas, a partir da Ditadura Militar e da Ditadura de Mercado no Brasil foram retiradas disciplinas indispensáveis à formação cidadã e humana, como a filosofia e a sociologia. Agora recentemente elas foram incluidas, mesmo assim miudamente, com apenas uma aulinha semanal aqui numa série e outra em outra série, particularmente no Ensino Médio. Na Grande Vitória/ES, temos o fantástico exemplo da Secretaria de Educação de Cariacica, com a Secretária Célia Maria Tavares e o apoio do Prefeito Helder Salomão, que implantaram um projeto de filosofia e sociologia no sistema educacional do município. Um projeto que transcende as fronteiras educacionais de nosso País. Mas na Grande Vitória, em geral, todas as Secretarias de Educação, trabalham com valores éticos e cidadãos, com a disciplina de Ensino Religioso, intertransdisciplinarizada, também de uma forma exemplar e dígna dos maiores elogios, seja a Secretaria de Educação de Vila Velha-ES, um outro exemplo de respeito com os valores humanos e sociais, na aplicação desta disciplina, com total apoio da Secretária de Educação Maria do Carmo Camenote e do Prefeito Neucimar Fraga, dando condições para que estas disciplinas sejam aplicadas por profissionais especializados. Além do mais, nossos profissionais são exímios utilizadores da avaliação diagnóstica desde os primeiros contatos com os educandos. Assim, permite, através da percepção, avaliar transtornos emocionais, problemas psíquicos, juntamente com pedagogos, psicopedagogos, colaboração familiar, encaminhamento para profissionais adequados nos ramos da psicologia, psiquiatria, neurologia, evitando desta forma que eles se transformem em futuras doenças crônicas e incuraveis. Portam-se assim também com outras possibilidades de doenças. Hoje todo mundo já sabe o que é Bullying e pelo menos aqui na Grande Vitória/ES, existe uma preocupação educacional muito grande com este fenômeno e trabalhos tem sido realizados com bastante habilidade, através de Pedagogos, Coordenadores, Psicopedagogos, professores, etc.
Mas é preciso aprofundar mais na questão do Bullying, porque ele não é só apresentado entre alunos, mas entre quaisquer grupos humanos sobre outros grupos, ou indivíduos sobre indivíduos ou grupos. De maneira que poderá acontecer entre professores e alunos, devido à escala de poder em que está o professor sobre o aluno. Mas, pelo menos os professores que conheci, ou conheço, são de formação elevada e incapazes de tais atitudes. Bullying também é um assédio de poder sobre um ou vários indivíduos. Este comportamento é de origem intencional e repetida, violento tanto fisicamente como emocionalmente. Ele pode advir de gestores educacionais mal preparados e incapazes de lidar com tal função. Se um gestor exercer uma pressão de perseguição sobre um subalterno seu, ou vários, estes seres, começam a ficar doentes, adquirem stress, problemas emocionais, psíquicos, tem insônias, obtém desequilíbrio da pressão arterial, não se alimentam regularmente, se isolam, mesmo dentro da família. Em pouco tempo chegam as doenças psicossomáticas e deterioram seu corpo, sendo uma forma indireta de uma agressão física, inclusive aos membros de sua família e de seu círculo de convívio. Descontrola sua comunicação no meio em que vivem, na família, no seu círculo social mais íntimo, sendo também uma violência social, que esta pessoa está recebendo, dentro de um País em que se diz especialista na aplicação dos direitos humanos. Passam a usar medicamentos preventivos como ansiolíticos, psicotrópicos, alprazolam, clonazepam, fluvoxamina, lorazepam, citalopram, sertralina, fluoxetina e todos os tipos de medicações à base de diazepan, captropil, losartan, enalapril, etc. Há casos de gestores que usam o nome de seus genros políticos, de seus prefeitos, vereadores como forma de fazer pressão e assédio moral sobre os profissionais da educação. Apresentam superficialmente à primeira vista uma imagem educada e se apoiam muitas vezes nos axiomas das religiões. Usam como arma contra os educadores, nomes de pessoas dígnas e respeituosas! Na realidade são criminosos sociais, aparentemete bem formados, mas violentos destruidores de pessoas e famílias, afetando também a comunidade escolar em geral. O que nós não podemos fazer é transladar a culpa destes péssimos executivos, para os políticos que os indicaram, sejam de quaisquer âmbitos políticos, porque pessoas deste tipo de comportamento, na presença de seus superiores se transvestem de anjos. Por outro lado, os políticos atuais não são algozes, nem francoatiradores, destinados a moer em carne viva a educação brasileira, nem cometem crimes contra a humanidade. Os políticos que conheço, de quaisquer partidos políticos, querem o melhor para todos os envolventes do sistema educacional. No final das contas, estes políticos também acabam como alvo destes falsos amigos e sanguinários administradores. Infelizmente, isto em cadeia, derruba grandes planos governamentais sonhados por muitos eleitores.
Outra questão a ser tratada é sobre a Síndrome de Burnout, muito comum em diversos setores de trabalho. No caso, me dedico ao setor educacional, onde encontrei meu rumo e meu pássaro cantor. Ela é um distúrbio psíquico de esgotamento emocional e funcional, levando o indivíduo a um caos intrapsíquico, com depressão, vazio interior, afetando os contatos sociais, familiares, lazer, com uma obsessão pelo trabalho e pela perfeição, o que no fundo leva-o às profundezas da ansiedade e da angústia.
Na minha opinião toda esta obstinação e compulsão que inicia por uma ansiedade muito grande pela perfeição e acaba numa desilusão no fundo do poço, ela se principia a nível do próprio sistema, quando não reconhece o verdadeiro terreno em que se desenrola a educação. São raízes do neoliberalismo, que ainda permanecem trançadas nas camadas mais profundas da educação brasileira. A cobrança exagerada de índices, de valores numéricos em provas, de dados estatísticos de aprovação, de resultados imediatos de aquisição de conhecimentos, sem avaliar a situação psico/histórica/social em que todos os componentes e agentes do sistema estão inseridos, assim como as comunidades. Outro ponto a ser tocado é a questão salarial dos professores que vem sofrendo há décadas, uma defasagem salarial muito grande. Houve alguma recuperação parcial nos últimos anos, mas deixa muito a desejar pelo que ficou perdido historicamente. Acreditamos que as administrações se envolverão com mais afinco, para se aproximar de uma justiça salarial mais correlata com o trabalho dos educadores, exigindo de todos os envolvidos um cuidadoso comportamento dialógico, sem perder o fio mestre do tear, da intercomunicação compreensiva, saudavel, a partir do campo político ao campo social/salarial.
Por esta razão, digo, que apesar dos inúmeros congressos educacionais que se realizam neste País, ainda assim, a realidade mesma, aquela que está à flor da pele educacional, não está sendo tratada com uma percepção de fundo mais acurada, investigadora e reflexiva.

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