terça-feira, 19 de novembro de 2013

A mulher do lado de lá

Todas as pessoas que conviviam com aquele casal, indubitavelmente afirmavam ser o casal mais homogêneo deste nosso planetinha azul. Uma colega disse para a outra: “Menina nunca vi um casalzinho mais celestial do que aquele!”. “Nem eu! A gente nunca vê nenhum dos dois sozinhos!”. O cara, empresário, bem sucedido na vida, daqueles sem tempo para nada, rico, capaz de ter a mulher que quisesse. No entanto, estava ali, sempre fiel ao lado de seu par. Em todas as festas sociais, ela bem vestida, trajando-se à moda, saindo em todas as fotos, ao seu lado com uma aparência bem séria. Fora isto, obviamente, o marido era um homem de negócios. Portanto, necessitava de tratar destes assuntos infindáveis, mesmo nestas reuniões ditas de sociedade. Alta classe se reunindo e conversando em torno da subida do dólar ou das melhores vias para aplicações financeiras. Ele ficava horas a fio envolto nestas conversas financeiras. Ela se juntava a todas as outras madames para conversar sobre seus cachorros, seus programas de teve e suas viagens internacionais. Por lembrar-se delas, era muito comum de quatro em quatro vezes, vermos os dois na fila do aeroporto. Londres, Paris, Nova Iorque, Lisboa, Madrid, Moscou, Roma, Berlim e todas as outras capitais do mundo, aguardando o Boeing. Ele, com vários jornais sob o braço e um aberto diante de si na página sobre economia. Ela ao seu lado, de óculos escuros não estava nem aí, para aqueles imensos gráficos econômicos. Não entendia nada sobre eles. Nem queria. Mas tudo tem um fim. Paciência também. Paciência de santo é só no pincel de Michelangelo. Um dia ela sumiu daquela mansão. Não quis levar nada daquilo. Fugiu com sua cabelereira. Enganara-se com os homens. A cabelereira sempre dizia: “Mulher que eu amo não quer mais saber de homem nenhum! Eu também sou mulher eu sei do que as mulheres gostam!”. Pois bem, por mais milionários que sejam alguns homens eu sinto pena deles. Para mim, diante das mulheres eles são mendigos. Não sabem do que as mulheres gostam. Mais do que isto. Ela partiu como a última folha seca, sem sol, sem luz daquele inverno frio. Nenhuma mulher nasceu para ser mulher postiça.

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