terça-feira, 26 de novembro de 2013

Ele com ele versus Ela com ela

Uma mulher amou outra mulher. Um homem com outro se casou. Jogaram pedras sobre aqueles dois homens. Jogaram moedas sobre aquelas duas mulheres. Queriam ver o que era de deus ou o que era dos fariseus, que no mesmo se deu. Levando em conta que Deus não é deus de condenação e sim de amor. Como os tempos mudaram, todos os quatro já vivem nos céus! Quanta idiotice humana e quanta tolice ronda nos corações do discriminadores. Não veem os homens que eles morrem e que ninguém é dono dos seus chapéus! Não veem os homens que tudo passa e que tudo volta ao pó e ao nada! Como tirar dos olhos dos homens estes véus? O que é certo? O que é errado? Que me digam os espelhos se o esquerdo daqui também não é o outro lado! Que me digam os espelhos quebrados de quantos ângulos se podem ver o mesmo universo! Sim, eu sou poeta! Em tudo que sou eu apenas estou. Mas poeta eu sou porque nasci poeta. E se nasci assim tenho que ver bem mais longe de mim. Tenho que ver bem mais longe de todos. Desde cedo usei binóculos, lupas, lunetas, microscópios e telescópios. Sofri demais por isto. Enxergar mais longe do que os outros incomoda bastante. Começa a incomodar os que estão mais perto. Principalmente os cegos do mesmo corrimão. Mas eles são necessários. Se não fossem eles não teríamos a oportunidade de perdoar. Perdoar é também ganhar o perdão. Tenho que ver com palavras o que os outros não veem enquanto olham. Caso contrário, todos os poetas não passariam de engodos. Se me perguntarem de que lado estou, direi que estou do lado do crucificado. Mas não me chamem de ladrão. Nem de bom ladrão, nem de mau ladrão. Eu simplesmente roubo a cena de cada paisagem que percebo, mas a devolvo vestida de graça nas palavras que escrevo. Estou do lado do crucificado, isto é daquele que é banido da sociedade. Estou do lado do sofrido. Estou do lado do discriminado. Estou do lado do perseguido. Estou do lado do exilado. Por isto é melhor ficar deste lado. Se não estou do lado daqueles que apontam os dedos e criticam, eu quero que eles se lixem. Se apontam com o indicador, também apontam para si mesmos com o polegar. Acusadores que se acusam automaticamente e que não têm consciência dos seus erros, para mim, são como psicopatas. Não têm cura. Se estou do lado dos crucificados, creio percorrer por uma via segura. Ser poeta proscrito, ser poeta banido é ser bom poeta. É ser também poeta bom. Quem não tem sentimento e amor não serve para o reino da poesia. A não ser estes pobres poetas, que se auto rotulam assim e que escrevem palavras em forma de esqueletos transformadas em frases mudas e frias. Arriscam em ser concretos, sem ser discretos! No singular do ser mesmo, porque a poesia é a casa do ser. Quem não ama a liberdade e não elege a alegria do outro, como a sua própria felicidade não serve para o reino da poesia. Quem tem o direito de julgar alguém? Quem tem o direito de traçar com o seu compasso a forma adequada de viver? Pobres mortais mergulhados na camada da atmosfera! Pobres mortais inutilmente vivendo sob a escravidão de criticar sem perceber a grande realidade da vida! Pobres mortais, que pelo próprio adjetivo não sabem o que os espera! Os casais diferentes nos trazem uma grande ensinança. Por tudo que eles passam, por tudo que eles sofrem, por tudo que eles arriscam, eles nos ensinam que tudo vale a pena pelo amor. Todo o sacrifício justifica um grande amor.

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