quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O filósofo à beira mar faz e a lágrima de um homem

Caminhava pelo calçadão na beira da praia quando encontrei uma amiga socióloga tomando sua cervejinha com um grupo de amigos. Cumprimentei-a e fui convidado por todos para sentar-se com eles e conversar um pouco. Ela me apresentou como filósofo e eles ficaram bastante curiosos do que seria um filósofo. Talvez pelo fato de ter uma ideia formada sobre isto e encontrar a pessoa mais comum de todos os mortais, embora seja uma figura diferente. Um homem me pergunta o que seria a filosofia. Eu lhe respondi que era isto mesmo que ele estava fazendo. Perguntando sobre o que seria a filosofia, ele estava comportando-se filosoficamente. A filosofia é esta curiosidade em busca do saber. Quando perguntaram a Pitágoras se ele era um sábio, ele respondeu que era amigo do saber (philosophos), daí nasceu a palavra filósofo e a filosofia. Embora o proceder filosófico já existisse antes deste acontecimento. Portanto a filosofia coincide com o comportamento investigativo que suplanta a aceitação imediata e comum dos fatos. Correlaciona com a atitude e o pensamento críticos. No sentido de critérios mais aprofundados acerca das coisas. Ao indagar damos o primeiro passo em direção à reflexão filosófica, mas em direção a uma sistematização do pensamento. A mesma pessoa me perguntou onde estava o centro do mundo. Eu lhe respondi que estava dentro do seu coração. Na realidade pelo senso comum do conhecimento histórico ele queria que eu dissesse a Babilônia. Ainda lhe disse, que por este viés dependeria a resposta da intenção da pergunta. Se ela fosse histórica, geográfica, artística, pela teoria da evolução, etc. Quando lhe respondi que estava no seu coração, ele me perguntou por que (por qual razão). Eu lhe disse que uma vez o poeta Fernando Pessoa escreveu que “o rio Minho era o mais belo rio de Portugal, mas o rio Minho não é mais belo que o rio que passa na minha aldeia, porque o rio Minho nunca passou em minha aldeia!”. Eu lhe perguntei qual a maior mãe do mundo, se era a mãe de Cristo, de Buda, de Gandhi ou de Mandela? Ele ficou pensativo e não soube responder-me. Eu lhe disse: “A maior mãe do mundo foi a sua mãe. Aquela que o criou e lhe deu os primeiros carinhos de sua vida! Ela foi quem lhe amou com todo o seu coração!”. Outro me perguntou quem era Deus. Enquanto isto alguém comentou sussurrando que os filósofos não acreditam em Deus. Pode até não acreditar, mas que Deus acredita neles, acredita. Caso contrário não os teria colocado no mundo. Respondi-lhe que certa vez um professor chegou à sala de aula e disse a seus alunos: “Queridos e queridas eu dou dez a quem me responder onde Deus está!.” Um menino muito simples que vinha a pé à escola e morava a duas léguas dali, levantou-se humildemente e respondeu: “Professor, o senhor me dá dez se responder onde Deus está. Eu, porém, lhe darei todo o universo se o senhor me mostrar onde Ele não está!”. Da mesma forma o Torah nos ensina que Moisés sentiu a presença de Deus na sarça ardente. Ora, sarça ardente é matinho pegando fogo. A coisa mais comum no deserto ensolarado e quente é encontrar uma moitinha de mato pegando fogo. Veja, no lugar mais comum e mais trivial do deserto, Moisés sentiu a presença de Deus. Por isto ele foi um Grande Iniciado, porque somente os Grandes Iniciados sentem a presença do Eterno em qualquer lugar. Também lhe disse que o nosso mundo é mais importante do que o mundo em si. Por isto o nosso coração é o centro do mundo! Uma vez viajava em Goiás dentro de um ônibus. À minha frente uma mulher falava com a outra sobre a terra onde ela nasceu. Falava sobre a sua maravilhosa terra natal. Dizia que dentro de uma hora estaria chegando lá. Eu fui formando a ideia de um lugar repleto de pomares, campinas frescas e montanhas azuis cheias de flamboyants. Ela saltou no fim do mundo e desceu arrastando uma mala por uma pirambeira horrível. Aquele era o “seu mais belo rio de Portugal”. A sua terra natal, onde deixara seu cordão umbilical era o lugar mais lindo do mundo. Sinto respeito por ela. Outro homem me falou sobre a humildade. Ele me perguntou por que Salomão foi grande. Eu respondi por que ele foi humilde. Ele pediu em primeiro lugar amar a Deus sobre todas as coisas. Salomão estudou em Al Amarna, que fica a uns 320 quilômetros da cidade do Cairo no Egito. Esta cidade foi fundada por Aquenaton, o Grande Iniciado Monoteísta da humanidade. Ali funcionava uma Escola de Mistérios, onde Salomão bebeu na sua fonte secreta. Na hora de me despedir vi que um homem chorava ao meu lado. Ele me disse: “Obrigado por minha lágrima que chorei de emoção!”. Eu lhe disse: “Sou eu quem agradece. Ver um homem chorar uma lágrima de emoção em um momento destes tem um valor sobrenatural. Em um mundo frio, calculista, materialista onde estamos, esta lágrima pode salvar a vida como um raio de esperança!”

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