Poeta, escritor, amante da música e da arte. Um ser humano muito simples em busca do significado profundo da vida, que é o amor, por onde a humanidade ganha sentido no exercício da fraternidade.
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
A mulher que não podia casar-se
Ela não podia casar-se, pois seu sonho íntimo era ler sem cessar, até atingir a última ilha do grande oceano da literatura. Eles se conheceram enquanto o encantamento chegou ao nível dos contos de fadas. Podemos dizer que Cupido, o deus do amor, não só atirou-lhes setas, como também lhes abriu todas as janelas da felicidade.
Quantas janelas possui a casa da alegria total? Bom, uma resposta impossível de acertar, tendo em vista que cada pessoa faz uma ideia própria deste tema. Cada um resguarda seu próprio pensar e dentro dele traça as fronteiras dos seus desejos.
Presume-se esta moradia para dois ou mais. Ser feliz sozinho é impossível. Digamos, concede espaço para o egoísmo.
A felicidade é um bolo de aniversário para ser repartido com todos. Em cada pedacinho do bolo reside o bem estar de cada um. Eis aí o simbolismo elaborado do anfitrião da festa se subdividindo a todos em cada partícula comestível.
Mas o que pode acontecer quando existe neste lar uma janela que se abre só para um? Vamos ver com o andar desta carruagem.
Ela ostentava uma janela que dizia ser só dela. Não abria a mão de jeito nenhum para ninguém passar por ela.
Acreditava ter traçado assim o seu arco íris pessoal, individual, não divisível com outro. Ela se abria para uma sala de leituras cuja porta e cuja chave somente pertenciam a ela.
Dizia de cabeça erguida: “Casamento não é comigo não! Eu quero ler todos os livros que puder! Uma vida de casada vai impedir-me ficar os dias inteiros saboreando meus livros!”
Assim, viveria de namoricos. Pequenos namoros aqui, incompletos namoros ali e etecétera e tal, uma vez que milhares de livros não lhe permitiriam uma vida a dois.
Ora, todo desejo desenfreado tem algo muito forte por trás dele. Na vida, quando estamos harmonizados, navegamos com bandeiras a meio palmo.
Uma coisa um pouco parecida com aquele poema de Cecília Meirelles: “Não sou alegre nem sou triste. Sou poeta!”. Pois é, a vida dita normal é a vida do poeta!
Desejos volumosos por fazer coisas sucessivas, por atingir pontos os mais distantes de si, podem ter uma razão intrapsíquica muito forte que deve ser desvendada, para que haja cura. A pessoa desejosa desta forma não tem noção disto. Mas é preciso aprofundar-se em suas origens. Pode ter como origem um transtorno advindo na época da amamentação, como por exemplo, falta de leite no seio materno ou uma mamadeira com bico deficiente. Entre outras causas.
Pois caso contrário, esta energia nunca será realizada e se desviará continuamente para outros fins esgotando o ser.
É preciso que o indivíduo antes que sucumba, pergunte se é ele quem tem esta vontade ou se é esta vontade quem o possui.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário