Poeta, escritor, amante da música e da arte. Um ser humano muito simples em busca do significado profundo da vida, que é o amor, por onde a humanidade ganha sentido no exercício da fraternidade.
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
A mulher que se casou com uma almofada
A mesma cena todos os dias. A televisão ligada, a poltrona em frente e o cara espichado na mesma.
Faça chuva ou sol. Caia tempestade ou insolação. Seja feriado, dia comum, de santo ou não. O homem deitado de comprido na poltrona da sala.
A mulher não sabia mais o que fazer. Não só pelo que fazer. Ela fazia tudo. Do trabalho duro de cada dia, ao supermercado, à feira, ao cuidado com a casa. Do IPTU ao condomínio, assim como cuidar de todas as correspondências e atributos exigidos em um lar. Que lar?
Não era só esposa. Além disto, empregada doméstica, provedora, motorista, mensageira, garçonete, camareira e muito mais.
Até não aguentar a permanência desta situação.
Qual a atitude a tomar? Resolveu dar um fim na poltrona. Como toda pessoa que não percebe qual a verdadeira causa de seus males, busca uma causa externa.
Inicialmente pensou em botar fogo na poltrona. Mas em seguida ficou com medo de pegar fogo na casa também.
Outra medida seria colocar não sabia como, um casal de ratos morando dentro da armação de madeira do estofado.
Porém, teria outro problema maior. Os ratos produziriam dezenas de outros ratinhos e a situação ficaria bem pior.
Uma ideia no início pareceu-lhe brilhante. Fingiria sonambulismo e jogaria a poltrona pela janela do sétimo andar.
Mas um impedimento apareceu como um relâmpago. Sozinha não conseguiria executar tal façanha. Arrumar uma pessoa para ajudá-la? Qual a vizinha que seria sonâmbula coincidente?
As vizinhas moram em outros apartamentos e sonham outros sonhos mesmo quando acordadas.
Então resolveu vender a poltrona. O anúncio foi bem feito. A mesma era de qualidade e segundo sua publicidade feita com couro de búfalo.
Como hoje em dia compra-se tudo em suaves prestações, durante quatro meses não apareceu ninguém interessado na compra. O homem continua colado na poltrona!
Finalmente, tocou-lhe a campainha. Um casal se interessou pela relíquia. Muito sorridente o homem e bem sisuda a esposa.
Entraram e observaram bem a poltrona. Gostaram de tudo e do preço. Menos de uma coisa. Aquela coisa que todos vocês já sabem.
Não gostaram da almofada. O velho ditado tem toda a razão. O hábito faz o monge.
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