terça-feira, 31 de dezembro de 2013

AS RUAS DA SOLIDARIEDADE CAPIXABA NO FINAL DO ANO

O ano que está a passar foi o ano das ruas cheias. No meio do ano massas humanas em grandes passeatas marcaram profundamente a emoção de todos. No início eram manifestações populares. Quando a festa começava a terminar em pizza se tornaram impopulares. O quebra-quebra não veio para ficar. Não faz parte da educação de nosso povo. No começo vimos o povo adolescente, emergindo pelas ruas e avenidas com seus gritos de mudança e de cobrança. Sem líderes, sem metas e sem rumos. Saíam da casca do ovo do sono mitigado. Despertavam da infância, da cegueira, da surdez e da instabilidade de opinião. Iniciaram suas andanças à la volonté por todas as grandes avenidas, pontes e ruas de nossas cidades, à revelia, cada um com um pedido e um desejo ostentado em cartazes ou nos rostos. Mas faltou o homem do periquito. Sabem quem é? Ele não existe mais. Escondeu-se debaixo da ponte e morreu de fome, miséria e abandono. Era um cara que em mil novecentos e antigamente ficava na feira com uma gaiola de periquito na mão e na outra uma caixinha de conselhos. Quem quisesse fazer uma consulta à sorte, pagava uma moeda. O homem abria a porta da gaiola e o periquito escolhia arbitrariamente um cartãozinho com um conselho bem reluzente. Este cara não existe mais. Portanto fazer de nossas avenidas e ruas uma feira sem rumo e sem destino não leva a ancoradouro algum. Uma vez, como já disse, o homem do periquito morreu. Quanto ao periquito, balançou asas e voou. Zarpou junto com as baboseiras de todos os conselhos escolhidos à revelia. Ou com a alegria momentânea de cada freguês. Talvez tenha ficado no lugar destes dois personagens do passado, a banca da esquina ou a padaria em frente. Todo lugar tem uma banca de jornal em uma esquina ou uma padaria bem em frente. Estes lugares são os quartéis generais da filosófica idiotice humana. Principalmente nas primeiras horas das manhãs, quando os calangos saem de suas tocas, para tomar sol e bater com a língua ininterruptamente entre os dentes. Qual a lição que tiramos de todas estas andanças pelas ruas, menos aquelas logo em seguida dos quebra quebra-quebra, que com certeza tem muita coisa por trás disto? Diria que nenhum adolescente sozinho irá muito longe se sua infância foi devassada, desrespeitada e aniquilada. Agora, fechando as janelas do 2013 chegaram principalmente no Estado do Espírito Santo as desastrosas e nefastas chuvas que devastaram todo o Estado, com dezenas de mortes e milhares de desabrigados. Nossas ruas se encheram de águas pluviais e de tudo aquilo que o mundo oferece como material de consumo, com exceção dos ratos, baratas e falta de saneamento público. Neste momento sim, veio ajuda de todos os lados. Uma vez que as eleições emergem no ano que vem, não há momento melhor do que este para apresentar-se com um sorriso caridoso. Mas de qualquer forma colaboraram o Governo Federal, o Governo do Estado e todos os prefeitos, graças a Deus. Mas surgiu um fenômeno inesperado. Apareceu como um relâmpago poderoso clareando a noite tempestuosa. Dos quatro cantos do Estado só se via falar na SOLIDARIEDADE HUMANA. O povão saiu para ajudar o povão. O povão arregaçou as mangas e as pernas das calças e doaram o que puderam desde seus bens materiais até seus bens espirituais. A Solidariedade Humana do povo capixaba salvou o vazio que ficou das ruas lotadas no início do ano de passeatas e no final do ano das terríveis tempestades.

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