Poeta, escritor, amante da música e da arte. Um ser humano muito simples em busca do significado profundo da vida, que é o amor, por onde a humanidade ganha sentido no exercício da fraternidade.
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
O poeta e o centro do universo
Se perguntarem qual o maior rio do mundo, dirão que é o Rio Amazonas, porque tem tantos quilômetros de comprimento, tantos de largura, tantos metros de profundidade, porque, porque, porque... Mas se você fizer a mesma pergunta a um poeta, com certeza ele imitará Fernando Pessoa e dirá: é o riozinho que passa em minha terra natal. A linguagem científica do poeta é a linguagem noética, a mesma que fundamenta o universo. É o comportamento vivencial alinhado ao mistério profundo. O poeta é como o jovem. O jovem, em lugar de avenidas organizadas, autopistas controladas, etc., prefere as veredas colaterais, os caminhos de terra, os contornos atrás dos muros. Permanecer no locus onde se encontram as experiências inesquecíveis, os sentimentos inusitados e os momentos inéditos que ficam para sempre na lembrança. O coração do poeta trilha por estes caminhos, porque ele está ligado ao sol central do universo.
Quando se fala neste astro centro todos vão pensar em um infinito lugar disposto em uma posição privilegiada. Enganam-se todos. Vejam como não é fácil abrir o coração para o imensurável!
Nós sabemos encontrar este astro rei por toda a parte. O centro do universo é totalmente adverso do centro matemático e físico! O brilho do olhar de um poeta também é o centro do universo!
Ele está em todo o lugar em que cair de paixão e de ternura o seu olhar. Ele se encontra naqueles olhinhos tão pequeninos de um besourinho que estacionou na vidraça da janela!
Ele se encontra no gesto e no movimento menos esperado de um neném. Assim como está também nas lindas curvas femininas ou no brilho radiante dos cristais.
Está presente desde as montanhas mais altas até as pequeninas gotinhas de areia espalhadas pelos caminhos.
Deste centro torna-se possível encontrar toda a harmonia celestial. O centro do universo pode se chamar beleza, paz e amor.
O centro do universo não é somente feito de luz. Não vamos desprezar as sombras. Quem despreza as sombras não conhece a totalidade.
Deus é luz e sombras, porque o verdadeiro Deus é tudo. Deus reflete o centro do universo para quem tem a solicitude inspiradora para acolhê-lo.
Se as sombras não fossem valorosas não haveria arte de grafite. Não existiriam os românticos encontros sob as copas das penumbras no meio da noite.
Não só as sombras legítimas de carteirinhas apresentadas são importantes. Mas todas as suas variações e as mulheres sabem disto tão quanto nós os sentimentais. Vejam as sombras que as mulheres passam em volta dos olhos.
Observando com o coração começamos a compreender o sentido mais profundo de tudo. Precisamos aprender com as mulheres. Elas com certeza sabem onde se encontra o centro do mundo!
Quanto sacrifício em vão e imaginações tão frias rondam na cabeça de tantos pensadores. A maior parte da filosofia desperdiça seu saber embolando teses e mais teses que não passam de pensamentos imaginados e vazios.
Observem que tudo está aqui mesmo à nossa frente. O resto são devaneios da imaginação pobre que pretende ser requintada, sendo horrível.
Escuto daqui do meu escritório a chuva caindo lá fora. A cadência dos seus pingos descendo sobre o mundo representa para mim uma orquestra maravilhosa.
Nem esperava por este lance magnífico da natureza enquanto escrevia este texto. Daqui a pouco será outro. Depois outro.
Basta colocar a alma atenta ao espetáculo da vida, ao grande festival de objetos, cores, sons, aromas e contrastes.
O coração do universo palpita por toda parte.
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