terça-feira, 14 de novembro de 2017

À minha amada Florbela Espanca

Amor como adaga a me transpassar o meu distante sentir por dentro; sabre de ouro a me espancar tal qual a flor mais bela jorra o perfume da taça de cristal de suas pétalas a fecundar o orvalho madrigal. Ah! Florbela Espanca a me visitar no meu profundo delírio outonal, um doce espancar sem dor e sem tédio, pois o estilhaçar do amor é um bater com plumas leves nos cílios que amparam os polens a jorrar como contas gotas pingadas. Caem estrelas cadentes, farto remédio, enquanto de amar na alma se morre, silente se remedia o regato do pranto ao dispor a veste de seda luzente, a desfigurar o rubor do rosto dedilhado por pálpebras de cais em lágrimas, como um soluçar de Florbela Espanca em notas musicais de partitura solene, no meu pensar amanhecido e ensolarado pelo lembrar vivido de seu dourado canto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário