Poeta, escritor, amante da música e da arte. Um ser humano muito simples em busca do significado profundo da vida, que é o amor, por onde a humanidade ganha sentido no exercício da fraternidade.
quinta-feira, 21 de dezembro de 2017
Poema de Cristo na cidade de Judas
Nas cidades de pedras os homens
viviam truncados, em seus peitos
arfantes tropegavam suspiros em
morfemas trancados por guardas
reinóis em algemas trancafiados
e quando saíam às ruas não iam
de braços dados a sóis nem a luas,
pois as ruas eram de pedras e seus
passos pesados carimbavam nas
suas rígidas arestas as chagas dos
seus fardos e seus vultos desalinhados
como párvulos e sombrios seres sem alma!
Um dia, com sete pancadas magistrais
bateram no grande portão de pedra
da cidade de pedra dos homens de coração
de pedra e quando o abriram com um sorriso
de pedra, viram-se diante de um ser
com uma face macia de lã e com um gesto
de amor no ar, como um bisturi rasgando
as vestes de pedra daquela manhã e a vestindo
com uma capa de organdi, que as poucos
foi-se expandindo e a cada pedra abrandando,
mudou em cada retina a posição de cada
astrolábio e latejando perfumes de cinamomos
e cássias por cada viela e esquina e retirando a
venda de mortalha de seus olhos, tornou-os
tão leves como meteoros e plumas, que já não
andavam e sim sobrevoavam sobre dunas macias,
como se entre videiras se põe a colher uvas
e entre macieiras se põe a colher pomos!
Dizem por lá que se venderam a Cristo por
trinta moedas, somente o amor, o grande amor
é capaz de mudar os corações de pedras!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário