quinta-feira, 11 de setembro de 2014

REENCONTRO

Somos pedras de vários caminhos que são os mesmos caminhos nossos, por isto nos encontramos agora e não nos encontramos sozinhos, porque conhecemos as letras sagradas dos pergaminhos e sabemos que a primavera chegará e trará consigo seus ninhos e virá com ela um perfume adocicado dos vôos rasantes dos passarinhos. Somos pedras que rolamos, pois não paramos na esquina de cada vereda, continuamos a andar, caímos, tombamos, nos levantamos porque temos uma experiência milenar do nosso povo, do nosso girar cigano, da nossa alma cigana, do nosso enamorar cigano pela natureza, da nossa simplicidade cigana, pois um canto em qualquer lugar é um palácio onde montamos nossa tenda, basta que tenhamos em nossa volta o palpitar de uma folhagem balançando ao vento, um imenso céu azul maior que nosso pensamento e se assim nos condiz ser, desejamos que a vida seja leve e encantada, por esta razão suportamos o frio, a fome, a sede sem perder a alegria e o contentamento. Somos madeixas da mesma trança, destas mesmas que toco com as mãos, com a doçura de um banjo emoldurando canções antigas; pois enquanto elas se enrolam e desenrolam entre nossos dedos também desfia a existência cheia de bandolins, castanholas e danças e enquanto andamos, giramos, giramos rondas de dervixes, pela espuma plangente do ar. Somos plumas soltas no destino, esvoaçando sem rumo aparente, porque ter rumo muitas vezes é perder a dignidade do prumo e como tudo é circular agora nos encontramos, reencontramos seria mais certo dizer como diz um menino quando encontra uma borboleta que já esvoaçara em seu quintal, Que Bom, Que Linda, e se existem tantas plumas girando e entre as nossas se misturam mais algumas é notório perceber que não perdemos o sabor do nosso sumo. Somos os mesmos de antes ainda.

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