Poeta, escritor, amante da música e da arte. Um ser humano muito simples em busca do significado profundo da vida, que é o amor, por onde a humanidade ganha sentido no exercício da fraternidade.
sábado, 14 de dezembro de 2013
PEDRO BOBO A MIL POR HORA EM FRENTE AO DISCO VOADOR
Pedro bobo era guarda? Pedro bobo era vigilante? Pedro bobo era segurança? Pedro bobo era porteiro?
Talvez todos os adjetivos que lhe foram postos e acima de tudo bobo! Não pela profissão de guarda. Nem de vigilante. Muito menos de porteiro. São todas profissões dignas do maior respeito. Assim como aqueles que as realizam com dignidade.
Dignidade, seja bem dito. Não bobeira! Pedro bobo julgava-se autoridade. Dono da palavra. Senhor absoluto daquele pequeno reino. Constrangia por um simples movimento das sobrancelhas. Ou pelo dedão em riste na frente de qualquer operário.
Perdoem-se aqui chamar operário de peão. Peão com todo respeito. Operário com toda a dedicatória que merece. Peão como uma advertência de que não existe peão bobo. Peão é cara rodado. É cara que já andou muito. Cara bem calejado. Com cara assim não se deve abusar. Não se constrange cobra criada.
Mas Pedro era bobo mesmo. Não sabia que peão é diplomado pela faculdade do mundo com pós grado pela universidade da vida.
A indústria funcionava com alto índice de produção. Significa pelo resultado que a peãozada sabia o que estava fazendo.
Os técnicos e engenheiros só passavam nos locais de trabalho para dar um visto nas planilhas, pois o resto ficava por conta da turma.
Mas Pedro bobo é daqueles caras que gostam de fazer nome em cima da caveira dos outros. É tipo assombração de cemitérios.
Colocava a sua farda bem alinhada, um cassetete na cintura, um quepe aprumado e saía pelas áreas de serviço chamando atenção de todos.
A turma já estava de olho nele. A indústria ocupava uma área de sete alqueires de terra, aproximadamente trezentos e cinquenta mil metros quadrados. Uma grande parte era de morro com mato baixo fechado.
Nesta região ficavam as imensas caixas de água que abasteciam a indústria. Pedro bobo fazia uma ronda noturna por uma estradinha sinuosa.
Gostava de apanhar peão andando por aquelas bandas ou tirando cochilo em volta das caixas de água.
A turma armou uma baita para ele. Dois peões esconderam-se em uma moita de mato, à beira da estradinha, com um bujão de extintor de incêndio com pó químico.
Quando o Pedrão vinha assoviando numa boa, dispararam o extintor sobre o gajo, que não só tomou um susto, como engoliu o apito.
Saiu a mil e quinhentos quilômetros por segundo de susto. Passou por cima do galinheiro do refeitório. Pulou sobre dezenas de carros no estacionamento. Apitando para dentro e para fora que nem panela de pressão explodindo.
Conseguiu chegar à guarita dos guardas na seguinte situação. Estava todo rasgado. Com dois marrecos mortos debaixo do braço direito. Cheio de arranhões. Uma moita de carrapicho presa na sua cabeça. A camisa sem um botão, com um retrovisor de carro no bolso.
Um pé de galinha pendurado no cós da calça.
Como ele havia passado em frente às caldeiras, o pessoal do acabamento pensou que elas estavam explodindo, por causa do apito soprado e inflado somando-se à respiração alternada.
Uma correria danada se estabeleceu dentro da indústria. A turma vazou. A produção parou completamente.
O encarregado geral aproximou-se do famigerado Pedrinho para saber o que houve.
“Fui atacado por um disco voador!”. “Não brinca! Onde foi isto?”.
“Lá no morro das caixas de água!”.
Solicitaram uma investigação policial sigilosa.
Resultado: “Brincadeira mal intencionada em serviço!”.
“Feita por quem?”. Quem vai saber. Se existem três coisas sem explicação, a primeira delas é a origem do mundo. A segunda a rádio peão. A terceira será a fidelidade do silêncio no meio da peãozada.”
E Pedro? Continuou mais bobo do que antes. Virou uma piada. Perdeu totalmente a moral. A indústria colocou-o para simplesmente ajudar os guardas. Passou a ser a quarta pessoa da santíssima trindade da segurança do local. Tem gente que precisa passar por uma destas para cair na real.
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