segunda-feira, 6 de maio de 2013

O HOMEM QUE SABIA ONDE ESTAVA A SORTE

Com todas as restrições legais o jogo de bicho virou cultura nacional. Uma mesinha, uns blocos de anotações, um pequeno papel carbono, uma caneta, os resultados anteriores, um senhor sentado em uma cadeira, assim se monta o jogo em frente ao bar. A estória contada abaixo é interessantíssima. Lembra os contos de Malba Tahan! Os palpites são muitos, mas o interessante é o mundo mágico envolvendo cada apostador. Um chega apressado com alguns números anotados e grita: “Duque de dezena!”. Num segundo, um carro bate na traseira do outro, enquanto ele diz: “Espera um pouco!”. Corre até a avenida marca as placas dos dois desencontrados e muda completamente seu jogo. Se alguém passa por perto e pergunta: “Que dia é hoje?” Pronto, está armado o palpite: “Joga na milhar da cabra!”. Mas se em seguida passa outro e pergunta pelas horas. Se o indivíduo na resposta reforça os minutos, repetindo-o, não falta quem jogue imediatamente no cão. E ainda declama: “Hoje vai ser um dia de cão!”. Em frente ao bar tudo acontece em torno daquela mesinha singular. Esta semana um sujeito chegou para contar seu sonho: “Sonhei que passeava em uma cidade maravilhosa. No alto da montanha resplandecia uma igreja com suas enormes torres ultrapassando as nuvens. Ela estava fechada e suas janelas jorrando vitrais coloridos pelo universo. Apareceu um macaco com uma pedra na mão. Um padre disse: Eu não sou porco. Não lance este artefato! O macaco não obedeceu ao pedido e jogou a pedra em uma vidraça. Em seu lugar ficou um enorme buraco! Vou jogar na milhar até a sétima do macaco!”. Um cara ao lado escutou, escutou e disse: “Vou jogar no seu sonho e amanhã vamos conferir o resultado!”. Jogou na milhar do pavão. No dia seguinte não deu outra: pavão! O sonhador perguntou-lhe: “Você não falou que ia jogar no meu sonho? Você jogou no pavão! Por que não jogou no macaco?”. “Muito simples o seu sonho para ser interpretado! O macaco jogou a pedra na vidraça que fez “pá”!”. Quando a pedra passou, os vidros quebraram e ficou um “vão”, então raciocinei que ia dar pavão! Hoje por exemplo eu sonhei com uma borboleta voando num jardim muito lindo! Como não dá mais para jogar no resultado das quatorze, vou jogar para o resultado das dezoito!”. O ouvinte não perdeu a oportunidade. Jogou imediatamente na borboleta. O outro não jogou. Voltou às dezessete horas e fez seu jogo. No dia seguinte foram conferir o jogo e ele ganhou de novo. Só que desta vez foi no burro. O amigo não aguentou: “Escuta, você não me contou um sonho sobre uma borboleta voando sobre um jardim maravilhoso?”. “Sim! Você jogou rapidamente na borboleta!!! Eu pensei que cara burro, não espera para raciocinar o sonho e vai jogando de qualquer jeito. Não deu outra, deu burro! Meu amigo, neste negócio do bicho, muitos pensamentos entram em jogo! Além do mais o burro é três e a borboleta é quatro. Um está pertinho do outro! Quando você sonhou com o macaco jogando a pedra na vidraça, tem mais coisa no sonho. Por exemplo, o padre não era porco. Olhe, no jogo vem macaco, porco, em seguida pavão!”

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