Poeta, escritor, amante da música e da arte. Um ser humano muito simples em busca do significado profundo da vida, que é o amor, por onde a humanidade ganha sentido no exercício da fraternidade.
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
AS RUAS DA SOLIDARIEDADE CAPIXABA NO FINAL DO ANO
O ano que está a passar foi o ano das ruas cheias. No meio do ano massas humanas em grandes passeatas marcaram profundamente a emoção de todos. No início eram manifestações populares. Quando a festa começava a terminar em pizza se tornaram impopulares. O quebra-quebra não veio para ficar. Não faz parte da educação de nosso povo.
No começo vimos o povo adolescente, emergindo pelas ruas e avenidas com seus gritos de mudança e de cobrança. Sem líderes, sem metas e sem rumos. Saíam da casca do ovo do sono mitigado.
Despertavam da infância, da cegueira, da surdez e da instabilidade de opinião. Iniciaram suas andanças à la volonté por todas as grandes avenidas, pontes e ruas de nossas cidades, à revelia, cada um com um pedido e um desejo ostentado em cartazes ou nos rostos.
Mas faltou o homem do periquito. Sabem quem é? Ele não existe mais. Escondeu-se debaixo da ponte e morreu de fome, miséria e abandono.
Era um cara que em mil novecentos e antigamente ficava na feira com uma gaiola de periquito na mão e na outra uma caixinha de conselhos.
Quem quisesse fazer uma consulta à sorte, pagava uma moeda. O homem abria a porta da gaiola e o periquito escolhia arbitrariamente um cartãozinho com um conselho bem reluzente. Este cara não existe mais. Portanto fazer de nossas avenidas e ruas uma feira sem rumo e sem destino não leva a ancoradouro algum. Uma vez, como já disse, o homem do periquito morreu.
Quanto ao periquito, balançou asas e voou. Zarpou junto com as baboseiras de todos os conselhos escolhidos à revelia. Ou com a alegria momentânea de cada freguês.
Talvez tenha ficado no lugar destes dois personagens do passado, a banca da esquina ou a padaria em frente. Todo lugar tem uma banca de jornal em uma esquina ou uma padaria bem em frente. Estes lugares são os quartéis generais da filosófica idiotice humana.
Principalmente nas primeiras horas das manhãs, quando os calangos saem de suas tocas, para tomar sol e bater com a língua ininterruptamente entre os dentes.
Qual a lição que tiramos de todas estas andanças pelas ruas, menos aquelas logo em seguida dos quebra quebra-quebra, que com certeza tem muita coisa por trás disto?
Diria que nenhum adolescente sozinho irá muito longe se sua infância foi devassada, desrespeitada e aniquilada.
Agora, fechando as janelas do 2013 chegaram principalmente no Estado do Espírito Santo as desastrosas e nefastas chuvas que devastaram todo o Estado, com dezenas de mortes e milhares de desabrigados.
Nossas ruas se encheram de águas pluviais e de tudo aquilo que o mundo oferece como material de consumo, com exceção dos ratos, baratas e falta de saneamento público.
Neste momento sim, veio ajuda de todos os lados. Uma vez que as eleições emergem no ano que vem, não há momento melhor do que este para apresentar-se com um sorriso caridoso.
Mas de qualquer forma colaboraram o Governo Federal, o Governo do Estado e todos os prefeitos, graças a Deus.
Mas surgiu um fenômeno inesperado. Apareceu como um relâmpago poderoso clareando a noite tempestuosa. Dos quatro cantos do Estado só se via falar na SOLIDARIEDADE HUMANA. O povão saiu para ajudar o povão. O povão arregaçou as mangas e as pernas das calças e doaram o que puderam desde seus bens materiais até seus bens espirituais.
A Solidariedade Humana do povo capixaba salvou o vazio que ficou das ruas lotadas no início do ano de passeatas e no final do ano das terríveis tempestades.
OÙ EST L'AMOUR? (POEMA DE AMOR À LA FRANCESA)
Où est l'amour?
Pourquoi avez-vous l'amour bu?
Dans la tête?
Pour ceux qui vous aiment halluciner?
Dans le cœur?
Pourquoi un enfant qui aime?
Pas de sexe?
Pourquoi il a déménagé il aime?
Non, pas seulement
au même endroit!
Il est beaucoup plus complexe.
Lui, quand il s'agit de rester,
est partout,
elle occupe l'immensité de l'univers.
Lorsque des semences, des fruits,
le pied se développe soleils,
des images, des sentiments,
ressemblant à un nuage pensées.
Seuls ceux qui aiment à voir
nymphes dans leurs cieux!
Et ils peuvent Intuit leur danse dans le ciel.
Il recueille l'avant et après la
chaque moment ensemble.
En amour, il peut être un malentendu?
Bien sûr, pas être béni,
le bonheur de l'amour est le bon moment,
ie chaque seconde de chaque instant.
L'amour est dans vos vêtements vilain,
où il écrit l'histoire de deux
le droit et l'intérieur.
Qui vous aime, vous pouvez taper
avec une fleur,
doux au toucher, comme la passion du printemps
passe ses mains sur la nature et
plenifica avec le monde de la couleur.
L'amour vrai?
L'amour n'est pas un tisserand de mensonges et de
ne pas marcher le chemin de la confusion.
Tout amour est vrai,
c'est ce dernier,
que ce soit la première.
Cependant, il a tant de fées, quand
joue sa baguette magique,
une berceuse
au cœur.
Quand il va à travers le temps
qu'il appelle la vie quotidienne,
continue avec son violon.
L'amour est présent,
est une aube à l'ouest,
est un soir de printemps.
C'est la pleine lune sur le déclin,
C'est un moment dans la nouvelle lune,
l'amour tous les jours pour le test,
inverse de celui d'être soi-même,
il s'agit d'un petit géant
quand métiers tangent,
quand il se lève, se renouvelle,
un brillant grand petit,
écrit de la poésie et la prose.
Pourquoi avez-vous l'amour bu?
Dans la tête?
Pour ceux qui vous aiment halluciner?
Dans le cœur?
Pourquoi un enfant qui aime?
Pas de sexe?
Pourquoi il a déménagé il aime?
Non, pas seulement
au même endroit!
Il est beaucoup plus complexe.
Lui, quand il s'agit de rester,
est partout,
elle occupe l'immensité de l'univers.
Lorsque des semences, des fruits,
le pied se développe soleils,
des images, des sentiments,
ressemblant à un nuage pensées.
Seuls ceux qui aiment à voir
nymphes dans leurs cieux!
Et ils peuvent Intuit leur danse dans le ciel.
Il recueille l'avant et après la
chaque moment ensemble.
En amour, il peut être un malentendu?
Bien sûr, pas être béni,
le bonheur de l'amour est le bon moment,
ie chaque seconde de chaque instant.
L'amour est dans vos vêtements vilain,
où il écrit l'histoire de deux
le droit et l'intérieur.
Qui vous aime, vous pouvez taper
avec une fleur,
doux au toucher, comme la passion du printemps
passe ses mains sur la nature et
plenifica avec le monde de la couleur.
L'amour vrai?
L'amour n'est pas un tisserand de mensonges et de
ne pas marcher le chemin de la confusion.
Tout amour est vrai,
c'est ce dernier,
que ce soit la première.
Cependant, il a tant de fées, quand
joue sa baguette magique,
une berceuse
au cœur.
Quand il va à travers le temps
qu'il appelle la vie quotidienne,
continue avec son violon.
L'amour est présent,
est une aube à l'ouest,
est un soir de printemps.
C'est la pleine lune sur le déclin,
C'est un moment dans la nouvelle lune,
l'amour tous les jours pour le test,
inverse de celui d'être soi-même,
il s'agit d'un petit géant
quand métiers tangent,
quand il se lève, se renouvelle,
un brillant grand petit,
écrit de la poésie et la prose.
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
Um acidente absurdo e inexplicável
Como foi que a irmã de caridade segurou o Damião e soltou o Cosme, isto ninguém saberá, porém o resto vamos ver com o desenrolar da estória. Tá certo que a curva era perigosa. O movimento intenso, a chuva fina e que todos estavam a mil por hora. Mas como entender tudo aquilo?
Amontoados num canto da estrada: duas rodas de bicicleta sem o resto da mesma, o capô de um fiat, o banco lateral de uma moto, o resto de uma cadeira de primeira classe de circo, o pedaço de uma placa advertindo Devagar Escola, um carrinho de picolé (o vendedor estava do outro lado rezando o terço e se benzendo), um São Cosme quebrado sem o São Damião ao seu lado (a única coisa que rimava naquela situação).
O saldo de feridos era o seguinte: um rapaz apressado perguntava se alguém havia visto uma orelha por perto, ao que um outro respondeu: "vi um cachorro carregando a mesma!".
O outro acidentado era um senhor sem as duas pernas e que dava gargalhadas por não ter morrido ali no acidente... o vendedor de picolé se benze tanto que parece pai de santo no auge da incorporação... a irmã de caridade foi socorrida por uma beata... o dono do fiat todo arranhado gritava: "fui enganado agora é tarde!".
Ninguém entendia o que aconteceu. "Cadê as pernas do moço?" Um bêbado respondeu: "A cigana jogou no poço!".
"Cadê a orelha do motoqueiro?" "O padre jogou no galinheiro!". "Cadê o circo que perdeu a cadeira?" "Tá com o palhaço falando besteira!" "Onde foi parar o São Damião?" "Foi dar na sua mãe um pescoção!" "Tirem este bêbado daqui senão ele vai pra lista dos acidentados!"
"Eu não saio porque sou a única testemunha que viu e que sabe como foi o acidente!" Berrou o bêbado.
"Então explica pra nóis devoto do conhaque São João da Barra e da cachaça Santa Terezinha, como foi tudo isto?"
"O que vocês pensam que é roda de bicicleta, cadeirinha de circo e homem sem pernas, é um deficiente físico que vinha em sua cadeira de rodas pelo asfalto, em grande velocidade, fez a curva engavetando sobre o vendedor de picolé, ambos se embolaram e se arrastaram até o ponto de ônibus, atropelaram a irmã de caridade; em direção contrário vinha o fiat e a moto que se embaralharam, encapotaram, a placa de sinalização pendeu e cortou a orelha do motoqueiro... agora se vocês me perguntarem como foi que a irmã de caridade segurou o Damião e soltou o Cosme, isto eu não sei responder não!".
Amontoados num canto da estrada: duas rodas de bicicleta sem o resto da mesma, o capô de um fiat, o banco lateral de uma moto, o resto de uma cadeira de primeira classe de circo, o pedaço de uma placa advertindo Devagar Escola, um carrinho de picolé (o vendedor estava do outro lado rezando o terço e se benzendo), um São Cosme quebrado sem o São Damião ao seu lado (a única coisa que rimava naquela situação).
O saldo de feridos era o seguinte: um rapaz apressado perguntava se alguém havia visto uma orelha por perto, ao que um outro respondeu: "vi um cachorro carregando a mesma!".
O outro acidentado era um senhor sem as duas pernas e que dava gargalhadas por não ter morrido ali no acidente... o vendedor de picolé se benze tanto que parece pai de santo no auge da incorporação... a irmã de caridade foi socorrida por uma beata... o dono do fiat todo arranhado gritava: "fui enganado agora é tarde!".
Ninguém entendia o que aconteceu. "Cadê as pernas do moço?" Um bêbado respondeu: "A cigana jogou no poço!".
"Cadê a orelha do motoqueiro?" "O padre jogou no galinheiro!". "Cadê o circo que perdeu a cadeira?" "Tá com o palhaço falando besteira!" "Onde foi parar o São Damião?" "Foi dar na sua mãe um pescoção!" "Tirem este bêbado daqui senão ele vai pra lista dos acidentados!"
"Eu não saio porque sou a única testemunha que viu e que sabe como foi o acidente!" Berrou o bêbado.
"Então explica pra nóis devoto do conhaque São João da Barra e da cachaça Santa Terezinha, como foi tudo isto?"
"O que vocês pensam que é roda de bicicleta, cadeirinha de circo e homem sem pernas, é um deficiente físico que vinha em sua cadeira de rodas pelo asfalto, em grande velocidade, fez a curva engavetando sobre o vendedor de picolé, ambos se embolaram e se arrastaram até o ponto de ônibus, atropelaram a irmã de caridade; em direção contrário vinha o fiat e a moto que se embaralharam, encapotaram, a placa de sinalização pendeu e cortou a orelha do motoqueiro... agora se vocês me perguntarem como foi que a irmã de caridade segurou o Damião e soltou o Cosme, isto eu não sei responder não!".
domingo, 29 de dezembro de 2013
UM OLHAR PSICANALÍTICO SOBRE A ESTÓRIA DO ÊXODO
Segundo a Bíblia, Moisés é filho de AMRAM e JOCHEBERT, da casa judaica de Levi, da linhagem de Jacob e Abraão. O Egito temendo o número crescente de judeus, mandou matar todas as criancinhas. Seus pais o esconderam por três meses em casa e depois colocaram-no em um cestinho no rio, onde a filha do Faraó Seth I banhava-se. Moisés foi criado como príncipe, sendo muito amado por Seth I, que desejava fazê-lo Faraó, o que trazia a inveja de Ramsés II, seu filho. Posteriormente vou escrever uma maravilhosa narrativa a respeito de tudo isto. Porém, agora, o que me interessa é desvendar este mito, de forma espiritual. Vamos lá. Moisés somos nós mesmos. Temos nossos pais verdadeiros, essência do Ein Sof divino, mas desde cedo somos jogados no rio da vida, onde banha uma princesa que é nosso ego, parte de nossa personalidade. Nosso ego nos assume, mas em certo momento, tomamos consciência de nossa verdadeira essência e para escaparmos do egoismo total, somos obrigados a renunciar a tudo que a vida nos oferece, em outras palavras, precisamos de lutar contra o Faraó. O Egito representa a terra de nossa escravidão, ou o mundo ao qual estamos presos. Mas sairmos sozinho não adianta. Ir para Midian (outro lugar), se casar com Zípora (ter outras idéias) a filha de Jetro (o mundo do conhecimento), somente não basta. É necessário voltar e buscar os outros que estão escravos, isto é, estão presos também às obediências egoísticas. Aqui também cabe o Mito da Caverna de Platão, a estória mítica do apostolado de Jesus, etc. A saida para o deserto representa a coragem de começar tudo de novo, herança muito viva até hoje dos filhos de Israel. O manah, alimento que IAVÉ mandava todos os dias, significa o sustento espiritual que o Eterno derrama sobre aqueles que decidem mudar de vida. Moisés tinha dois irmãos: Myriam, que tem tudo a ver com a terra e Aaraom, espécie de sacerdote, ou forma de ligar-se da terra ao céu. A terra e o céu aparecem em diversas culturas mitológicas. Na cristandade surge entre Maria (terra) que engravida Jesus, por uma intervenção do céu (Deus). Aos pés do monte Sinai (Monte Horeb), os judeus ficaram quarenta dias esperando Moisés descer com o TORÁH, o ensinamento sagrado. Quando Moisés desceu, grande parte dos judeus adoravam a um bezerro de ouro (Boi Ápis). Moisés desce com um decreto do céu versus o povo adorando um produto da terra! Iavé decretou que nenhum daquela geração chegaria a Canaã, a terra prometida. Isto indica que devemos ter paciência, para que possamos receber todo o ensinamento e que também se ficarmos presos ao passado, não chegaremos a um estado superior de espírito. Nenhum dos nossos eus possessivos conhecerá o esplendor da divindade! Moisés vagou com seu povo, quarenta anos pelo deserto. Por aí se vê, que o trabalho em busca da iluminação espiritual não é rápido e nem fácil. Vamos pensar um pouco nisto? A palavra ÊXODO, ex - sair para - odus - fora, caminho, significa sair para fora, largar o lugar onde está. Ora, você quer curar a sua depressão? Então me escute. Saia para fora de onde está. Abra-se ao mundo, ao universo, a novas idéias. Faça boas alianças, reata seus laços familiares e sagrados. Faça como fez Moshe! Olhe o que Moisés fez: fez uma aliança com o ALTÍSSIMO, O EU SOU, IAVÉ! Mas também fez alianças com personas boas, como seu irmão AARAON e sua irmã MYRIAM. Não cortou seus vínculos ou laços. Antes de sair do Egito (da escravidão) reconheceu seus pais e abraçou seus irmãos, não passando por cima de seu povo. Pois bem, uma pessoa com depressão, se ajoelhar e pedir a benção do ETERNO, se reconhecer seus vínculos, saber-se inserido em uma família, em uma irmandade, se também atar laços com boas pessoas, que pensem positivamente, que construam novas oportunidades e abrindo-se a renovadas idéias e pensamentos transcendentes, com certeza a depressão não encontrará lugar para fundamentar suas raizes. Esta também é uma outra visão do mito do êxodo. Moisés manda construir uma ARCA DA ALIANÇA e dentro dela coloca as duas tábuas da lei, a vara de AARAOM e um vaso de maná. O que isto serve para a minha compreensão? Ora, a ARCA DA ALIANÇA é o seu próprio coração. É nele que você tem que guardar a revelação divina, a presença do sacerdote e o instante primeiro em que recebeu todas estas dádivas. Vamos pensar um pouco nisto?
sábado, 28 de dezembro de 2013
O homem que quis fazer o diabo de bobo
Isto foi no mínimo, anelar, médio, indicador e polegar de muitos anos contados nos dedos, como no interior se conta quase tudo. Pedroca saiu da roça e colocou um boteco na vila.
Dezessete doses de um litro de cachaça, por mais multiplicados que fossem sobre o preço líquido da gostosa, não ia deixar ninguém rico. Pinga, já vem vem do verbo pingar. Pingar é igual goteira, a chuvona mesmo acontece lá fora.
Pois bem, lá fora era onde Pedrão queria estar. Lá no meio dos ricaços, dos compradores de gado e de café. A vontade do cara de ficar enricado, foi tão grande que ele resolveu convocar o bicho para fazer um trato com ele. Mas Pedrão pensouzinho assim: "Vou chamar o bicho diabo matuto, porque ele vai ser mais fácil de eu enrolar, depois que ficar rico!"
Nem terminou seu pensamentozinho, que devagarzinho bateram palmas debaixo de sua janela: "Oi de casa! Chega ôme, que tô aqui prá te prestá presteza!"
Pedrão torceu a taramela e entreabriu a banda da janela, para ver quem era.
Era ele mesmo! Era o diabo do mato! Botinão amarelo nos pés com lingueta desenhando um esse no calcanhar, calças listradas, camisa xadrez, dois dentes caninos de ouro maciço, chapeuzão de palha. Tem mais: um olhar, que pelo amor de Deus (é até bom lembrar de Deus nesta hora), parecia duas brasas vivas, de final de festa de São João. Final, porque no começo dela, o bicho não aparece.
"Fala logo Pedrão, o que ocê qué!" "Eu quero ficar milionário. Quero ficar rico de dar caganeira nesta povão todo!"
"Pois ocê vai ficá rico de doê, Pedrão. Mais daqui a vinti anu eu venho ti buscá!"
Era isto que Pedrão precisava. De tempo! E tempo minha gente, é pior do que água que passa debaixo da pinguela. Os ponteiros dos relógicos ficam quase doidos querendo acompanhar o tempo. Eles enferrujam, envelhecem, desaparecem e o tempo bate mais perna que mulher andadeira.
Pedrão ficou inchado de rico. Dezenove anos se passaram! A mulher dele, Rosinha, lembrou-lhe: "Lembra do trato, marido, que você fez com o diabo do mato? Pois é, só falta um ano e quero ver o que você vai arranjar!"
Pedrão partiu pra São Paulo. Procurou o melhor ivopitangui de lá e fez uma plástica para virar japonês. Ficou parecendo um lutador de sumô. A riqueza engordara Pedrão. Comia um frango assado todo dias.
No dia marcado, ele sentou-se na varanda de sua casa, vestido de um quimono amarelo e esperou o danado chegar. Foi tiro e queda. O bicho veio em ponto. Todo mundo já sabe que o diabo é escravo de suas diabruras.
"Olá, eu quero falá com o Pedrão!"
Pedrão levantou-se e começou o seu um sete um: "Oi, tú é ken? eu sou Nijito japonês e tô pra tú co mô tú pre ci sá OHAYÔ!" "Meu cabra, e tú quem é? Cadê Pedrão? Vim buscá ele, modi que deu tempu!"
"Eu sou Nijito japonês, dissi ti nu dissi? Eu mandê Pedrão rodá, eu vi vô com mu lhé de Pedrão a go rá!"
"Então seu cabra da peste. Tú mi passô pra trás. Tú dispachô meu devedô e ainda ficô com muié dele. Quem rouba muié dos ôtro vai pro infernu também!"
No meio matuto não existe diabo bobo e Pedrão sumiu transformado em japonês. A mulher do Pedroca, esta sim, conseguiu enganar o diabo. Mas um diabo da cidade. Eu acho que esta história vocês todos já conhecem. Mas história pornográfica não faz parte do meu estilo. Se não conhecem perguntem aos mais velhos, que eles contarão.
Dezessete doses de um litro de cachaça, por mais multiplicados que fossem sobre o preço líquido da gostosa, não ia deixar ninguém rico. Pinga, já vem vem do verbo pingar. Pingar é igual goteira, a chuvona mesmo acontece lá fora.
Pois bem, lá fora era onde Pedrão queria estar. Lá no meio dos ricaços, dos compradores de gado e de café. A vontade do cara de ficar enricado, foi tão grande que ele resolveu convocar o bicho para fazer um trato com ele. Mas Pedrão pensouzinho assim: "Vou chamar o bicho diabo matuto, porque ele vai ser mais fácil de eu enrolar, depois que ficar rico!"
Nem terminou seu pensamentozinho, que devagarzinho bateram palmas debaixo de sua janela: "Oi de casa! Chega ôme, que tô aqui prá te prestá presteza!"
Pedrão torceu a taramela e entreabriu a banda da janela, para ver quem era.
Era ele mesmo! Era o diabo do mato! Botinão amarelo nos pés com lingueta desenhando um esse no calcanhar, calças listradas, camisa xadrez, dois dentes caninos de ouro maciço, chapeuzão de palha. Tem mais: um olhar, que pelo amor de Deus (é até bom lembrar de Deus nesta hora), parecia duas brasas vivas, de final de festa de São João. Final, porque no começo dela, o bicho não aparece.
"Fala logo Pedrão, o que ocê qué!" "Eu quero ficar milionário. Quero ficar rico de dar caganeira nesta povão todo!"
"Pois ocê vai ficá rico de doê, Pedrão. Mais daqui a vinti anu eu venho ti buscá!"
Era isto que Pedrão precisava. De tempo! E tempo minha gente, é pior do que água que passa debaixo da pinguela. Os ponteiros dos relógicos ficam quase doidos querendo acompanhar o tempo. Eles enferrujam, envelhecem, desaparecem e o tempo bate mais perna que mulher andadeira.
Pedrão ficou inchado de rico. Dezenove anos se passaram! A mulher dele, Rosinha, lembrou-lhe: "Lembra do trato, marido, que você fez com o diabo do mato? Pois é, só falta um ano e quero ver o que você vai arranjar!"
Pedrão partiu pra São Paulo. Procurou o melhor ivopitangui de lá e fez uma plástica para virar japonês. Ficou parecendo um lutador de sumô. A riqueza engordara Pedrão. Comia um frango assado todo dias.
No dia marcado, ele sentou-se na varanda de sua casa, vestido de um quimono amarelo e esperou o danado chegar. Foi tiro e queda. O bicho veio em ponto. Todo mundo já sabe que o diabo é escravo de suas diabruras.
"Olá, eu quero falá com o Pedrão!"
Pedrão levantou-se e começou o seu um sete um: "Oi, tú é ken? eu sou Nijito japonês e tô pra tú co mô tú pre ci sá OHAYÔ!" "Meu cabra, e tú quem é? Cadê Pedrão? Vim buscá ele, modi que deu tempu!"
"Eu sou Nijito japonês, dissi ti nu dissi? Eu mandê Pedrão rodá, eu vi vô com mu lhé de Pedrão a go rá!"
"Então seu cabra da peste. Tú mi passô pra trás. Tú dispachô meu devedô e ainda ficô com muié dele. Quem rouba muié dos ôtro vai pro infernu também!"
No meio matuto não existe diabo bobo e Pedrão sumiu transformado em japonês. A mulher do Pedroca, esta sim, conseguiu enganar o diabo. Mas um diabo da cidade. Eu acho que esta história vocês todos já conhecem. Mas história pornográfica não faz parte do meu estilo. Se não conhecem perguntem aos mais velhos, que eles contarão.
sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
CARTA POEMA DE UM POETA SOLITÁRIO
Quiçá tenha eu somente a paciência
envelhecida da chuva,
a convivência repetida do calor solar,
a cosmociência recebida do brilho estelar,
enquanto vocês vem com a força da semente,
com o vigor do colorido na textura do fruto,
com o esplendor contido no sorriso emergente
da juventude inquieta, palpitante e salutar.
Quiçá conheça caminhos serpentuosos com
desfiladeiros íngremes,
e tenha aprendido com os tropeços a me equilibrar
sobre suas trilhas,
saiba dos ventos marinhos trazendo suas vagas
recordações das caravelas ancestras,
dos piratas escondidos em seus tombadilhos,
da solidão permanente de algumas ilhas,
momentos ancorados em descanso e empecilhos,
porém, vocês revigoram as seivas das manhãs novas
e reluzentes,
reeditam o proclama da união com a esperança de
um mundo melhor, mais dividido e balanceado numa
nova equação,
pois a minha relatividade ainda tem um sinal de
igualdade,
que lhes possibilita encontrar a unicidade na
diversidade da aventura.
Não posso tomar-lhes as mãos e conduzir-lhes até
às grutas do mistério,
porém, posso falar mais sério, mais sóbrio sob
alguns fios de cabelos brancos,
depois de caminhar alguns anos trazendo em rugas
o carimbo destas andanças,
que ainda me adentro por estas grutas, sem medo,
abandonando por completo o fio de Ariadne.
Quiçá, neste comportamento, talvez possa ensinar-lhes
que mais vale a pena procurar do que encontrar,
pois o achado poderia se transformar num mausoléu
de ilusões.
Esta diferença entre o mais velho e o mais novo,
sempre finda num resultado contraditório,
somos mais antigos nesta lição necessária
de que navegar é mais preciso do que viver,
no sentido de que tenha mais precisão, mais
preciosidade.
Mesmo que tenhamos ainda a bússola, o astrolábio e
o quadrante,
para se equilibrar sobre as tempestades e o desconhecido,
por esta razão, quem é instruido na arte de navegar,
sabe ser preciso, aprende que cada instante suplanta
outro instante e não é possivel nem é interessante,
querer segurar o mundo com as mãos.
Quiçá tenhamos saído do teclado da máquina de escrever,
do movimento repetitivo dos grãos socados no pilão,
de reescrever todos os dias a giratória de moer os
grãos de café, após torrá-los ao sopro das brasas ardentes,
de ouvir o murmúrio desabafado do moinho d'água trabalhando
a canjiquinha,
de buscar na bica a água nossa de cada dia,
e conseguimos num salto navegar com vocês
na amplidão da tela plana de um computador,
mas o que afinal de contas, podemos dizer?
Os anos nos ensinaram a traçar com os olhos
várias diagonais e ter a sabedoria suprema
de fazê-las todas divergentes partindo de direções
múltiplas e opostas, mas de uma forma dificil de explicar,
onde todas nascem do mesmo centro,
e este lugar central, torna-se o ponto de encontro
de todas as coisas,
mesmo todas aquelas que estejam em planos divergentes,
encontrando-se umas às outras num ritmo fora de si,
porque compreendi que a razão essencial do cosmo
é que seu centro está em todos os lugares ao mesmo
tempo e sendo ao mesmo tempo um único centro.
Quiçá esteja eu aberto a tudo isto.
envelhecida da chuva,
a convivência repetida do calor solar,
a cosmociência recebida do brilho estelar,
enquanto vocês vem com a força da semente,
com o vigor do colorido na textura do fruto,
com o esplendor contido no sorriso emergente
da juventude inquieta, palpitante e salutar.
Quiçá conheça caminhos serpentuosos com
desfiladeiros íngremes,
e tenha aprendido com os tropeços a me equilibrar
sobre suas trilhas,
saiba dos ventos marinhos trazendo suas vagas
recordações das caravelas ancestras,
dos piratas escondidos em seus tombadilhos,
da solidão permanente de algumas ilhas,
momentos ancorados em descanso e empecilhos,
porém, vocês revigoram as seivas das manhãs novas
e reluzentes,
reeditam o proclama da união com a esperança de
um mundo melhor, mais dividido e balanceado numa
nova equação,
pois a minha relatividade ainda tem um sinal de
igualdade,
que lhes possibilita encontrar a unicidade na
diversidade da aventura.
Não posso tomar-lhes as mãos e conduzir-lhes até
às grutas do mistério,
porém, posso falar mais sério, mais sóbrio sob
alguns fios de cabelos brancos,
depois de caminhar alguns anos trazendo em rugas
o carimbo destas andanças,
que ainda me adentro por estas grutas, sem medo,
abandonando por completo o fio de Ariadne.
Quiçá, neste comportamento, talvez possa ensinar-lhes
que mais vale a pena procurar do que encontrar,
pois o achado poderia se transformar num mausoléu
de ilusões.
Esta diferença entre o mais velho e o mais novo,
sempre finda num resultado contraditório,
somos mais antigos nesta lição necessária
de que navegar é mais preciso do que viver,
no sentido de que tenha mais precisão, mais
preciosidade.
Mesmo que tenhamos ainda a bússola, o astrolábio e
o quadrante,
para se equilibrar sobre as tempestades e o desconhecido,
por esta razão, quem é instruido na arte de navegar,
sabe ser preciso, aprende que cada instante suplanta
outro instante e não é possivel nem é interessante,
querer segurar o mundo com as mãos.
Quiçá tenhamos saído do teclado da máquina de escrever,
do movimento repetitivo dos grãos socados no pilão,
de reescrever todos os dias a giratória de moer os
grãos de café, após torrá-los ao sopro das brasas ardentes,
de ouvir o murmúrio desabafado do moinho d'água trabalhando
a canjiquinha,
de buscar na bica a água nossa de cada dia,
e conseguimos num salto navegar com vocês
na amplidão da tela plana de um computador,
mas o que afinal de contas, podemos dizer?
Os anos nos ensinaram a traçar com os olhos
várias diagonais e ter a sabedoria suprema
de fazê-las todas divergentes partindo de direções
múltiplas e opostas, mas de uma forma dificil de explicar,
onde todas nascem do mesmo centro,
e este lugar central, torna-se o ponto de encontro
de todas as coisas,
mesmo todas aquelas que estejam em planos divergentes,
encontrando-se umas às outras num ritmo fora de si,
porque compreendi que a razão essencial do cosmo
é que seu centro está em todos os lugares ao mesmo
tempo e sendo ao mesmo tempo um único centro.
Quiçá esteja eu aberto a tudo isto.
ABRE O OLHO PROFESSORA!
Aula de história. Assunto: escravidão. "Vocês sabiam que era interesse da Inglaterra em acabar com a escravidão no Brasil, assim como em qualquer parte do mundo? Vocês podem ver que ela estava por trás de todas as leis e movimentos abolicionistas! A Inglaterra vivia em plena Revolução Industrial, dominando o mercado e precisava de clientes para comprar seus produtos vendidos em seus empórios pelo mundo. Como escravo não tem salário, nem dinheiro, era preciso mudar a sociedade de escravagista para trabalhista livre. Vocês percebem que a partir da Abolição da Escravatura em 13 de maio de 1888, nosso Reinado começou a ruir e aguentou somente até 15 de novembro de 1889. Nesta data, os republicanos proclamam a República. Como notam, o Reinado era assentado em cima de um sistema escravagista! Vocês sabem quem assinou a Lei Áurea? Pois bem, foi a Princesa Isabel, esposa de um francês o Conde D'Eu!" Nisto uma aluna perguntou se ele dançava ballet e a turma pocou de rir. Um outro aluno gritou: "Ele deu o que era dele!". A professora retorquiu: "Vocês riem à toa. Outro dia estavam rindo do retrato de Luiz XIV, o Rei Sol. Riam do sapato e da cabeleira dele. Parece que nem sabem que era a moda da época. Ainda falaram que ele gostava de desfilar numa parada!"
Para quebrar o desencanto, ela torpedeou: "Levantem a mão, aqueles que querem assistir à fincada do mastro de São Benedito!" Não houve uma que suspendesse no ar. Apenas em uníssono a turma respondeu: "É ruim, einh!"
Para quebrar o desencanto, ela torpedeou: "Levantem a mão, aqueles que querem assistir à fincada do mastro de São Benedito!" Não houve uma que suspendesse no ar. Apenas em uníssono a turma respondeu: "É ruim, einh!"
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
POEMA À ROSA DE SAROM
Dizem que ando esquecido
e que me perdi despercebido. Encontraram-me de queixo caido!
Já fui duas vezes
à esquina,
para ver se abria a janela
da avenida.
Dei sete voltas
ao redor das muralhas
da vida,
para ver se estava mesmo
comigo nos arredores da China!
Mas eu não abandonei
esta rosa!
Juro que não a esqueci
e nem ao menos deixei
de pensar nela um segundo,
de cada segundo que
ergue o grande tempo
deste mundo!
Com seu caule, me defendi
dos absurdos,
sem torná-los nulos.
Com seu perfume me
cobri e me perfumei
de unguento precioso,
e por onde passei, fui
forte com armadura e
escudos de chumbo.
Com suas pétalas cobri
minhas pálpebras,
de onde me foi possivel
descobrir um pouco
de cada tudo.
e que me perdi despercebido. Encontraram-me de queixo caido!
Já fui duas vezes
à esquina,
para ver se abria a janela
da avenida.
Dei sete voltas
ao redor das muralhas
da vida,
para ver se estava mesmo
comigo nos arredores da China!
Mas eu não abandonei
esta rosa!
Juro que não a esqueci
e nem ao menos deixei
de pensar nela um segundo,
de cada segundo que
ergue o grande tempo
deste mundo!
Com seu caule, me defendi
dos absurdos,
sem torná-los nulos.
Com seu perfume me
cobri e me perfumei
de unguento precioso,
e por onde passei, fui
forte com armadura e
escudos de chumbo.
Com suas pétalas cobri
minhas pálpebras,
de onde me foi possivel
descobrir um pouco
de cada tudo.
quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
PADRE FOGE COM ESTUDANTE
Este interessante fato aconteceu há muito tempo, mas é tão extraordinário que permanece vivo por gerações. Naquela época existiam pouquíssimas escolas pelo interior afora. Então, era costume dos pais enviar seus filhos para estudar em localidades maiores ou até mesmo no exterior. Prestem atenção no que dá esta verdadeira estória.
Seu Leandro levantou-se cedinho, dirigindo-se aos campeiros: "óia, prepare a charrete com a Tinfona bem alimentada. Bastante mio e farta água na pança da esperta. Depois leva o leite na estrada, vorta rápido, deixa a sabida descansar um pouco, porque nóis vamo levá a Bárbara depois. O ônibus que vai pra longe, passa lá por vorta das nove."
Bárbara nos seus quinze estava setenta vezes ansiosa. Só conhecia emaranhado de canavial, curral, capim gordura, cocheira, inhame no tacho, ter a oportunidade de viver na cidade grande. Arrumou sua mala, seus vestidos de chita, seus pertences, passou cheiro, amarrou a fita vermelha nos cabelos e subiu na charrete. Deixou para trás, em cada curva poeirenta da estrada, um olhar de despedida, sem coisa alguma de lágrima qualquer. Pra frente, um olhar indagativo e apreensivo, com caldo grosso de esperança. Seu pai, daqueles fazendeiros sisudos, reservando lugar de mulher no canto da cozinha, ficou abanando com um prado roto na mão direita. Para ele, mulher só entra na sala, para levar xícara de café aos convidados e fica em pé, muda no canto, esperando o último gole, para recolher as louças. Quem toca a fazenda é o homem. Também espreme a cana e tira a garapa. Cuida de tudo. Só quem fala alto dentro de casa, além dele, é o cuco do relógio de parede gongando de hora em hora, para enfeitar a sala, pois quem regulava mesmo o dia, ainda era o galo, o sol, a lua, as estrelas e as estações. Mulher que ri é porque não tem modos. Mulher torra café, mói, tritura carne, soca milho no pilão, lava roupa na correnteza do rio, faz canjica, dá milho às galinhas, conserva o fogo aceso no fogão, com uma chaleira de café quentinha, comida na hora. Cirze, prega botões, faz remendos, conserva água fresquinha na talha. Bota toalha de rendas na mesa da cozinha, com diversos quitutes, no dia da padroeira. Todo aquele mundo não interessa a Bárbara.
Na república, com as colegas, tudo mescla novo. Cartas vão, cartas vem. Bárbara vai, Bárbara vem. Amigas, novos costumes, roupas curtas, badalos noturnos, barzinhos sabatinos e festas. Bárbara vai, Bárbara vem. Um namorado escondido entra em cena, por uma porta semi-aberta. Bárbara abre, Bárbara fecha. Os dias vão passando. A barriga vai crescendo. Bárbara foi estufando o umbigo, vai estufando. O padre larga a batina, dá adeus à rotina e numa madrugada silenciosa parte com Bárbara e traça sua sina. A cidade com os tempos se acomoda. À medida que o vento de outono vai varrendo as folhas das ruas, outras notícias vão chegando sobre as mais antigas.
Lá no interior, quando alguém pergunta ao Seu Leandro, "cadê Bárbara?", ele simplesmente responde mineiramente drumondiano, como aquele poema da pedra no meio do caminho:
"mandei Bárbara estudar em Barbacena e ela fez uma cena bárbara!"
Seu Leandro levantou-se cedinho, dirigindo-se aos campeiros: "óia, prepare a charrete com a Tinfona bem alimentada. Bastante mio e farta água na pança da esperta. Depois leva o leite na estrada, vorta rápido, deixa a sabida descansar um pouco, porque nóis vamo levá a Bárbara depois. O ônibus que vai pra longe, passa lá por vorta das nove."
Bárbara nos seus quinze estava setenta vezes ansiosa. Só conhecia emaranhado de canavial, curral, capim gordura, cocheira, inhame no tacho, ter a oportunidade de viver na cidade grande. Arrumou sua mala, seus vestidos de chita, seus pertences, passou cheiro, amarrou a fita vermelha nos cabelos e subiu na charrete. Deixou para trás, em cada curva poeirenta da estrada, um olhar de despedida, sem coisa alguma de lágrima qualquer. Pra frente, um olhar indagativo e apreensivo, com caldo grosso de esperança. Seu pai, daqueles fazendeiros sisudos, reservando lugar de mulher no canto da cozinha, ficou abanando com um prado roto na mão direita. Para ele, mulher só entra na sala, para levar xícara de café aos convidados e fica em pé, muda no canto, esperando o último gole, para recolher as louças. Quem toca a fazenda é o homem. Também espreme a cana e tira a garapa. Cuida de tudo. Só quem fala alto dentro de casa, além dele, é o cuco do relógio de parede gongando de hora em hora, para enfeitar a sala, pois quem regulava mesmo o dia, ainda era o galo, o sol, a lua, as estrelas e as estações. Mulher que ri é porque não tem modos. Mulher torra café, mói, tritura carne, soca milho no pilão, lava roupa na correnteza do rio, faz canjica, dá milho às galinhas, conserva o fogo aceso no fogão, com uma chaleira de café quentinha, comida na hora. Cirze, prega botões, faz remendos, conserva água fresquinha na talha. Bota toalha de rendas na mesa da cozinha, com diversos quitutes, no dia da padroeira. Todo aquele mundo não interessa a Bárbara.
Na república, com as colegas, tudo mescla novo. Cartas vão, cartas vem. Bárbara vai, Bárbara vem. Amigas, novos costumes, roupas curtas, badalos noturnos, barzinhos sabatinos e festas. Bárbara vai, Bárbara vem. Um namorado escondido entra em cena, por uma porta semi-aberta. Bárbara abre, Bárbara fecha. Os dias vão passando. A barriga vai crescendo. Bárbara foi estufando o umbigo, vai estufando. O padre larga a batina, dá adeus à rotina e numa madrugada silenciosa parte com Bárbara e traça sua sina. A cidade com os tempos se acomoda. À medida que o vento de outono vai varrendo as folhas das ruas, outras notícias vão chegando sobre as mais antigas.
Lá no interior, quando alguém pergunta ao Seu Leandro, "cadê Bárbara?", ele simplesmente responde mineiramente drumondiano, como aquele poema da pedra no meio do caminho:
"mandei Bárbara estudar em Barbacena e ela fez uma cena bárbara!"
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
QUEM REALMENTE SOMOS NÓS?
Um dia Adameve El Salem subiu uma montanha para meditar. Começou a perguntar: "Quem sou eu?"
Seria eu aquela pessoa que gosta de doce de mamão, com uns cravinhos por cima? Mas esse era o doce que mamãe dizia que era bom!
Se mamãe dissesse que bom era doce de marmelo, com certeza ele gostaria de doce de marmelo!
O tipo de mulher que lhe chama a atenção? Quando ele era pequenino, seu pai lhe falava "você vai se casar com uma..." E se seu pai tivesse lhe falado que fosse um outro tipo de mulher, não seria este o tipo que lhe chamaria a atenção? Não seria por ela que ele procurasse em sua vida inteira?
Por que gosto de poesia? Filosofia? Música cigana?"
Assim ele foi garimpando, garimpando seu interior. Percebeu que era fruto de uma aldeia materna, de uma cultura, etc. Compreendeu que todos os seus pensamentos, sentimentos, emoções, desejos, escolhas eram derivados de sua cultura em geral, do meio em que viveu e do impacto com todas as ideias do mundo. Algo que deve ser respeitado. Cada cultura tem seus costumes, seus métodos e seus mitos. Entendeu este imenso mundo nascido do berço da linguagem. Em primeiro lugar chega a linguagem materna. Aquela na porta do berço. As canções de ninar de mamãe e seus monólogos sussurrantes em uma língua resumindo palavras e sons. Em seguida a linguagem familiar, do reino de sua cultura. Depois aquela falada em toda a sua aldeia. Camadas de linguagem vem aparecendo, como as múltiplas linguagens pátrias. Sem contar uma criada no próprio interior do ser que é a linguagem própria. A forma que vemos o mundo é um substrato de tudo isto.
Mas quem era ele? Ele, puramente ele?
Nos vãos de cada pensamento, sentimento, emoção, desejo, escolha, etc. encontrou um ser permanente, puro como o diamante. Um ser contínuo. Um quantum de energia sem mistura alguma. Sem nenhum contato.
Chegou a conclusão de que ele era eterno. Com toda certeza sua alma era imortal. Ele era filho do reflexo do UNO, do ETERNO, Daquele que não tem nome, de RASHEM. Do alto daquela montanha ele rendeu glória a ADONAI ELOHÊNU!
Seria eu aquela pessoa que gosta de doce de mamão, com uns cravinhos por cima? Mas esse era o doce que mamãe dizia que era bom!
Se mamãe dissesse que bom era doce de marmelo, com certeza ele gostaria de doce de marmelo!
O tipo de mulher que lhe chama a atenção? Quando ele era pequenino, seu pai lhe falava "você vai se casar com uma..." E se seu pai tivesse lhe falado que fosse um outro tipo de mulher, não seria este o tipo que lhe chamaria a atenção? Não seria por ela que ele procurasse em sua vida inteira?
Por que gosto de poesia? Filosofia? Música cigana?"
Assim ele foi garimpando, garimpando seu interior. Percebeu que era fruto de uma aldeia materna, de uma cultura, etc. Compreendeu que todos os seus pensamentos, sentimentos, emoções, desejos, escolhas eram derivados de sua cultura em geral, do meio em que viveu e do impacto com todas as ideias do mundo. Algo que deve ser respeitado. Cada cultura tem seus costumes, seus métodos e seus mitos. Entendeu este imenso mundo nascido do berço da linguagem. Em primeiro lugar chega a linguagem materna. Aquela na porta do berço. As canções de ninar de mamãe e seus monólogos sussurrantes em uma língua resumindo palavras e sons. Em seguida a linguagem familiar, do reino de sua cultura. Depois aquela falada em toda a sua aldeia. Camadas de linguagem vem aparecendo, como as múltiplas linguagens pátrias. Sem contar uma criada no próprio interior do ser que é a linguagem própria. A forma que vemos o mundo é um substrato de tudo isto.
Mas quem era ele? Ele, puramente ele?
Nos vãos de cada pensamento, sentimento, emoção, desejo, escolha, etc. encontrou um ser permanente, puro como o diamante. Um ser contínuo. Um quantum de energia sem mistura alguma. Sem nenhum contato.
Chegou a conclusão de que ele era eterno. Com toda certeza sua alma era imortal. Ele era filho do reflexo do UNO, do ETERNO, Daquele que não tem nome, de RASHEM. Do alto daquela montanha ele rendeu glória a ADONAI ELOHÊNU!
segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
HASTA SIEMPRE FIDEL CASTRO
Lo siento mucho mi hermano, en encaminar a USTED esta misiva, pero qué puedo hacer? Fue USTED un autócrata, quien crió esta tirania cubana. Quise que sepáis de la dolor prisionera en su cárcel con la privación de todo, incluso el derecho de ejercer la ciudadania, de pertenecer a una clase social del pensamiento socialista.
Vengo preguntarle quién es único en Cuba, su tierra. Solamente USTED. Es la impressión. Solamente USTED, no hay como soler con esto. Solamente USTED come bien, duerme bien, sueña bien, Solamente UD sois dueno de vuestra opinión, pues en vuestro sueño podéis caminar en cuerda floja y los otros que piensen en las musarañas, mientras UD reís la sonrisa de un embaucador.
Esto no es socialismo. Por esto estoy escribiendo a UD una carta. Ud no saldréis victorioso. La sangre de los mártires escribirán vuestra história.
Que UD caigáis en la realidad es dificil, pues estáis muy viejo.
Dónde está vuestra conciencia? No lo veo. Se lo digo a ella: desdichada, de tan estraña que es en su disfraz.
La realidade del desarrollo que llegó, no llegó en Cuba. Vuestras ciudades son llenas de coches antiguos, casas viejas sin tejas, hombres sin pan, sin trabajo. Una nación sin teconologia de vuestro gobierno roño.
UD podéis hasta decir que en nuestra nación tiene corrupción en nombre de la democracia y que nosotros traemos muchas questiones sociales, pero caminamos en la senda de la libertad, y su ejercicio es el único medio de llegar a un bien social. Tenemos hambre, pero también, aún no llegamos al socialismo. No hay otra salida.
Un pueblo que no ejercita la libertad es muerto y no llega a sítio ninguno. La libertad de Cuba un dia llegará después de vuestra muerte.
El hombre libre es dichoso y sale cantando en la calle y la lluvia que hay, como un pájaro por la mañana. Su alma brilla como un anillo de oro.
No soy contra el socialismo, soy contra a esto que llamas de socialismo. Sin embargo el socialismo no es el reino de los cielos, pero es la comunidad de la libertad.
Oiga, una nación no es hecha de palabras. Cuba debe bajar-se del pedestal y hablar con vuestro pueblo en el cárcel, vuestra Cuba, con miras de garantizar la libertad. No hay quien se acostumbra con esto. No voy a olvidarlo. Yo no voy a olvidar ninguna de sus promesas.
Ni se te ocurra dudar de mis palabras. UD nada en abundancia mientras la población vive en la miseria. Esto se considera lisa y llanamente un delito.
Hasta Siempre, Fidel Castro.
Vengo preguntarle quién es único en Cuba, su tierra. Solamente USTED. Es la impressión. Solamente USTED, no hay como soler con esto. Solamente USTED come bien, duerme bien, sueña bien, Solamente UD sois dueno de vuestra opinión, pues en vuestro sueño podéis caminar en cuerda floja y los otros que piensen en las musarañas, mientras UD reís la sonrisa de un embaucador.
Esto no es socialismo. Por esto estoy escribiendo a UD una carta. Ud no saldréis victorioso. La sangre de los mártires escribirán vuestra história.
Que UD caigáis en la realidad es dificil, pues estáis muy viejo.
Dónde está vuestra conciencia? No lo veo. Se lo digo a ella: desdichada, de tan estraña que es en su disfraz.
La realidade del desarrollo que llegó, no llegó en Cuba. Vuestras ciudades son llenas de coches antiguos, casas viejas sin tejas, hombres sin pan, sin trabajo. Una nación sin teconologia de vuestro gobierno roño.
UD podéis hasta decir que en nuestra nación tiene corrupción en nombre de la democracia y que nosotros traemos muchas questiones sociales, pero caminamos en la senda de la libertad, y su ejercicio es el único medio de llegar a un bien social. Tenemos hambre, pero también, aún no llegamos al socialismo. No hay otra salida.
Un pueblo que no ejercita la libertad es muerto y no llega a sítio ninguno. La libertad de Cuba un dia llegará después de vuestra muerte.
El hombre libre es dichoso y sale cantando en la calle y la lluvia que hay, como un pájaro por la mañana. Su alma brilla como un anillo de oro.
No soy contra el socialismo, soy contra a esto que llamas de socialismo. Sin embargo el socialismo no es el reino de los cielos, pero es la comunidad de la libertad.
Oiga, una nación no es hecha de palabras. Cuba debe bajar-se del pedestal y hablar con vuestro pueblo en el cárcel, vuestra Cuba, con miras de garantizar la libertad. No hay quien se acostumbra con esto. No voy a olvidarlo. Yo no voy a olvidar ninguna de sus promesas.
Ni se te ocurra dudar de mis palabras. UD nada en abundancia mientras la población vive en la miseria. Esto se considera lisa y llanamente un delito.
Hasta Siempre, Fidel Castro.
sábado, 21 de dezembro de 2013
A CHAVE PODEROSA E MILAGROSA
Existia um homem muito curioso cujo maior anseio era abrir qualquer porta, cadeado ou cofre que encontrasse pela frente. Em suas primeiras tentativas confeccionou uma chave mixa, depois de sorrateiramente acompanhar um chaveiro despercebido, em seu trabalho diário.
Conseguiu primeiramente abrir as portas de sua casa. Com isto aumentou sua curiosidade. Um vizinho de frente. Morava sozinho. Não falava com ninguém. Não recebia visitas. Bom dia e boa tarde nem murmúrio apenas.
Já conhecia sua rotina. Saía bem cedo e voltava à tarde com suas sacolas de marca. Trancava-se e abria-se por dentro um silêncio sepulcral.
Às oito horas entrou por seu portão principal. A porta. Sala magnífica. Peças antigas por todas as partes. Um colecionador voraz. O quarto foi só um giro. Um enorme cofre de no mínimo trezentos quilogramas. Esfregou, esfregou e pronto: abra cadabra! O cofre se abriu reluzindo uns dez milhões em jóias e ouro.
Fechou-o. Trancou direitinho a porta do quarto. Da sala. Do portão.
Andava noturnamente em busca de velhas casas abandonadas. Abriu-as todas. Conheceu-as por dentro cheirando seus passados.
Fez uma viagem internacional e abriu um velho castelo à beira de uma praia ibérica. Sons templários rangeram com as chaves.
Voltou. Comprava cadeados novos e abria-os. Compravava fechaduras novas e abri-as.
Começou a viajar em busca das portas mais bisonhas possiveis. Um casarão medieval. Tentou, tentou e não conseguiu.
Disfarçadamente começou a conversar com os velhos das praças, sobre chaves, portas e seus mistérios.
Um velho lhe falou que entre eles fazia tempo que não vinha jogar dominó, um ancião, ex-ladrão, que possuia uma chave que abria qualquer tipo de porta.
De tanto insistir deram-lhe o endereço do traquina. Desceu a ladeira rodeada de samambaias. No final apareceu uma casinha de telhas cumbucas. De dentro uma voz sussurrou: "Pode entrar! A porta está aberta!". A figura parecia ter ressurgido de um filme de Fellini. Cabeça branca, encurvada. Semblante de profeta. Fora um exímio ladrão. Roubara o cofre do Banco Central!
Depois de tanta conversa, suas mãos trêmulas apresentaram-lhe a chave que abria qualquer tipo de porta: "Foram vinte anos de prisão! Ela está aí como a única companheira de minha vida. Ela e eu fomos fiéis um ao outro! Já estou velho e não sou mais dado a aventuras. Pode levá-la para você!"
Despediu-se do velho, deixando sobre uma mesa uma soma de dinheiro, que daria para ele atravessar a eternidade. Dinheiro era o que não lhe faltava. Além de ter recebido farta herança, era bom aplicador.
Voltou ao velho casarão medieval e nada. Não conseguiu abrir sua porta. Tentou milhares de vezes.
Regressou ao ancião e contou-lhe o fato e ainda reclamou que a chave era falsa. Não confiava em ladrão.
O velho se dispos a ir até ao casarão. Com muita dificuldade entrou em seu carro.
Chegando até ao casarão, colocou a chave na fechadura, deu algumas voltas e pronto! A porta se abriu!
"Como? Eu tentei isto vários vezes e não consegui!"
O velho olhou-o em seus olhos e disse-lhe: "Escute meu amigo, esta chave é a chave de um ladrão e você não é ladrão!"
Só faz magia quem veste a casaca de um mágico! Não se esqueçam disto nunca.
Conseguiu primeiramente abrir as portas de sua casa. Com isto aumentou sua curiosidade. Um vizinho de frente. Morava sozinho. Não falava com ninguém. Não recebia visitas. Bom dia e boa tarde nem murmúrio apenas.
Já conhecia sua rotina. Saía bem cedo e voltava à tarde com suas sacolas de marca. Trancava-se e abria-se por dentro um silêncio sepulcral.
Às oito horas entrou por seu portão principal. A porta. Sala magnífica. Peças antigas por todas as partes. Um colecionador voraz. O quarto foi só um giro. Um enorme cofre de no mínimo trezentos quilogramas. Esfregou, esfregou e pronto: abra cadabra! O cofre se abriu reluzindo uns dez milhões em jóias e ouro.
Fechou-o. Trancou direitinho a porta do quarto. Da sala. Do portão.
Andava noturnamente em busca de velhas casas abandonadas. Abriu-as todas. Conheceu-as por dentro cheirando seus passados.
Fez uma viagem internacional e abriu um velho castelo à beira de uma praia ibérica. Sons templários rangeram com as chaves.
Voltou. Comprava cadeados novos e abria-os. Compravava fechaduras novas e abri-as.
Começou a viajar em busca das portas mais bisonhas possiveis. Um casarão medieval. Tentou, tentou e não conseguiu.
Disfarçadamente começou a conversar com os velhos das praças, sobre chaves, portas e seus mistérios.
Um velho lhe falou que entre eles fazia tempo que não vinha jogar dominó, um ancião, ex-ladrão, que possuia uma chave que abria qualquer tipo de porta.
De tanto insistir deram-lhe o endereço do traquina. Desceu a ladeira rodeada de samambaias. No final apareceu uma casinha de telhas cumbucas. De dentro uma voz sussurrou: "Pode entrar! A porta está aberta!". A figura parecia ter ressurgido de um filme de Fellini. Cabeça branca, encurvada. Semblante de profeta. Fora um exímio ladrão. Roubara o cofre do Banco Central!
Depois de tanta conversa, suas mãos trêmulas apresentaram-lhe a chave que abria qualquer tipo de porta: "Foram vinte anos de prisão! Ela está aí como a única companheira de minha vida. Ela e eu fomos fiéis um ao outro! Já estou velho e não sou mais dado a aventuras. Pode levá-la para você!"
Despediu-se do velho, deixando sobre uma mesa uma soma de dinheiro, que daria para ele atravessar a eternidade. Dinheiro era o que não lhe faltava. Além de ter recebido farta herança, era bom aplicador.
Voltou ao velho casarão medieval e nada. Não conseguiu abrir sua porta. Tentou milhares de vezes.
Regressou ao ancião e contou-lhe o fato e ainda reclamou que a chave era falsa. Não confiava em ladrão.
O velho se dispos a ir até ao casarão. Com muita dificuldade entrou em seu carro.
Chegando até ao casarão, colocou a chave na fechadura, deu algumas voltas e pronto! A porta se abriu!
"Como? Eu tentei isto vários vezes e não consegui!"
O velho olhou-o em seus olhos e disse-lhe: "Escute meu amigo, esta chave é a chave de um ladrão e você não é ladrão!"
Só faz magia quem veste a casaca de um mágico! Não se esqueçam disto nunca.
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
O QUE NECESSITA UMA ALMA PARA SER FELIZ?
De que necessita uma alma para se iluminar? Esta é uma das perguntas fundamentais que todos deveriam fazer? Não tenho nada contra, absolutamente, àqueles que desejam fundamentar as questões ontológicas, cosmológicas em busca do arqué, ou sejam aquelas a respeito da origem do universo. Uma vez que a própria palavra origem já dá origem a não se encontrar origem alguma. Esta palavra contém o mesmo vício e germe do pensamento cartesiano de causa e efeito. Portanto, qualquer início será um início mediano. Nossa mente não tem arcabouço psíquico para explicar aquilo que sempre existiu. A não ser que estejamos a cair na idiotice de Aristóteles acerca do motor primordial e único imbuído em si mesmo de ato e potência. Este motor imóvel em direção para o qual tudo se movimenta nada mais e nada menos é do que o Deus descoberto por São Tomás de Aquino.
Mas voltemos à primeira pergunta: De que se necessita uma alma para se iluminar? Esta pergunta sim, todos deveriam fazer, pois além de suma importância, pode transformar o homem, a vida e o mundo. Vou contar um pequenino caso. No dia seguinte ao meu aniversário, por volta das vinte e duas horas da noite, meu celular indica uma ligação. Atendo imediatamente. É meu pai. Do outro lado da linha com sua voz ainda firme me diz: “Meu filho, meus parabéns, hoje é dia do seu aniversário! Eu não esqueci! Já faz tanto tempo que você nasceu, mas não me esqueci! Meus parabéns meu filho!”.
Vamos analisar. Meu pai está beirando os noventa anos de idade. O fato de lembrar-se do meu aniversário no dia seguinte não tem problema nenhum. Pela idade dele, é mais do que compreensível. Mas imaginem vocês, um idoso às portas dos noventa anos de idade, telefonar para o seu filho a uma hora daquela para desejar-lhe felicidades e lembrar-lhe o dia do seu aniversário, tem preço que pague?
No acúmulo dos anos, no fardo do tempo e de tudo o que passou pela vida carregando no bojo de seu alforje, não era hora para meu pai estar a dormir?
Mas a lembrança de meu aniversário e a esperança de desejar-me felicidade, com certeza, fez aquele senhor perder um tempão tentando ligar para mim. Meu pai tem sérios problemas visuais e não sei como ele conseguiu ligar-me.
Ao seu lado, com certeza, deitada em uma cama, inerte, se encontrava minha mãe, inconsciente, vivendo seus últimos dias acometida por Alzheimer. A impressão que ele me deu é que falava por ela também!
Apesar das lágrimas que me caíram de emoção, àquela hora da noite o sol deixou de brilhar no Japão! O sol com toda a sua luminosidade e seus ões de raios coloridos nasceu dentro de minha alma.
Então, meus amigos, de que necessita uma alma para se iluminar? Uma alma não é uma autopista que necessita de faróis poderosos para orientar ao trânsito.
Uma alma não é um estádio de futebol noturno que necessita de potentes holofotes para transformar a noite em um dia de partida de futebol.
Uma alma para se iluminar necessita de muito pouco. Mas um muito pouco forrado de amor. Tem muita gente que pensa em dar um carro novo ao seu filho acreditando que vai agradá-lo. Mas o seu filho só vai iluminar quando houver um movimento interior de carinho e de amor. O filho necessita de atenção.
Um filho não precisa mais do que um pai sentado na sala da casa brincando com ele de carrinho, enquanto o carrinho não passa de um carretel de linha.
Um filho não precisa mais do que uma folha de jornal transformada em chapéu de soldado, feita por seu pai.
Um filho necessita de ser ouvido. Um filho necessita de que o pai se inclina para escutá-lo com o coração.
Uma alma precisa de muito pouco para se iluminar. Um pouco que saia de um muito de outra alma.
De um muito amoroso sorriso por exemplo. De um muito, muito obrigado, que todos não têm dito mais nestes tempos apressados que vivemos.
De um muito bondoso olhar quando buscamos apoio e atenção.
Um senhor de praticamente noventa anos de idade, a uma hora daquela da noite, ligar para o seu filho para desejar-lhe feliz aniversário, conhece as fibras originais com que são tecidas as vestes dos santos e dos profetas.
A sua voz ainda firme, mas suas mãos trêmulas ainda conservam o archote que ilumina mais cedo ou mais tarde a vida de um homem.
Vou carregá-la para o resto de meus dias aqui neste planeta.
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
O poeta e o centro do universo
Se perguntarem qual o maior rio do mundo, dirão que é o Rio Amazonas, porque tem tantos quilômetros de comprimento, tantos de largura, tantos metros de profundidade, porque, porque, porque... Mas se você fizer a mesma pergunta a um poeta, com certeza ele imitará Fernando Pessoa e dirá: é o riozinho que passa em minha terra natal. A linguagem científica do poeta é a linguagem noética, a mesma que fundamenta o universo. É o comportamento vivencial alinhado ao mistério profundo. O poeta é como o jovem. O jovem, em lugar de avenidas organizadas, autopistas controladas, etc., prefere as veredas colaterais, os caminhos de terra, os contornos atrás dos muros. Permanecer no locus onde se encontram as experiências inesquecíveis, os sentimentos inusitados e os momentos inéditos que ficam para sempre na lembrança. O coração do poeta trilha por estes caminhos, porque ele está ligado ao sol central do universo.
Quando se fala neste astro centro todos vão pensar em um infinito lugar disposto em uma posição privilegiada. Enganam-se todos. Vejam como não é fácil abrir o coração para o imensurável!
Nós sabemos encontrar este astro rei por toda a parte. O centro do universo é totalmente adverso do centro matemático e físico! O brilho do olhar de um poeta também é o centro do universo!
Ele está em todo o lugar em que cair de paixão e de ternura o seu olhar. Ele se encontra naqueles olhinhos tão pequeninos de um besourinho que estacionou na vidraça da janela!
Ele se encontra no gesto e no movimento menos esperado de um neném. Assim como está também nas lindas curvas femininas ou no brilho radiante dos cristais.
Está presente desde as montanhas mais altas até as pequeninas gotinhas de areia espalhadas pelos caminhos.
Deste centro torna-se possível encontrar toda a harmonia celestial. O centro do universo pode se chamar beleza, paz e amor.
O centro do universo não é somente feito de luz. Não vamos desprezar as sombras. Quem despreza as sombras não conhece a totalidade.
Deus é luz e sombras, porque o verdadeiro Deus é tudo. Deus reflete o centro do universo para quem tem a solicitude inspiradora para acolhê-lo.
Se as sombras não fossem valorosas não haveria arte de grafite. Não existiriam os românticos encontros sob as copas das penumbras no meio da noite.
Não só as sombras legítimas de carteirinhas apresentadas são importantes. Mas todas as suas variações e as mulheres sabem disto tão quanto nós os sentimentais. Vejam as sombras que as mulheres passam em volta dos olhos.
Observando com o coração começamos a compreender o sentido mais profundo de tudo. Precisamos aprender com as mulheres. Elas com certeza sabem onde se encontra o centro do mundo!
Quanto sacrifício em vão e imaginações tão frias rondam na cabeça de tantos pensadores. A maior parte da filosofia desperdiça seu saber embolando teses e mais teses que não passam de pensamentos imaginados e vazios.
Observem que tudo está aqui mesmo à nossa frente. O resto são devaneios da imaginação pobre que pretende ser requintada, sendo horrível.
Escuto daqui do meu escritório a chuva caindo lá fora. A cadência dos seus pingos descendo sobre o mundo representa para mim uma orquestra maravilhosa.
Nem esperava por este lance magnífico da natureza enquanto escrevia este texto. Daqui a pouco será outro. Depois outro.
Basta colocar a alma atenta ao espetáculo da vida, ao grande festival de objetos, cores, sons, aromas e contrastes.
O coração do universo palpita por toda parte.
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
SARNEY ENCONTRA O BERÇO DA LUA E DO SOL (FINALMENTE)
Seu nome verdadeiro era Fortunato, mas por certidão de aparência registrada no cartório da percepção popular: Sarney. Sem tirar ou colocar mais nada. A cara de um, a bochecha do outro. Não tanto como o outro, mas sentia-se quase realizado, no seu mundinho pé de serra. Ah! você não sabe a ninhada de andanças que está debaixo deste "quase". Filhos criados, embora malcriados, cafezais esverdeando colinas, paiós engordando ratos, galinhas botando pingue-pongue de ovos no vento de tanto sobrar. Arreios novinhos em folha, somados a conjuntos de esporas, estribos e barrigueiras, com chicotes cravados de prata, tudo em dia. Brilhava pedacinhos de ouro em seus dentes!
Porém, aquele "quase" era o todo vazio de sua vida, tal fresta em veneziana por onde o vento noturno incomoda. Aquela dúvida antiga cor da meninice, ali estancada em sua mente: onde nasce o sol e a lua? onde nasce o sol e a lua? Esta, a sua pergunta inquietante "ões" de vezes.
Tudo já estava preparado para a grande viagem em troco da resposta dada: galinha assada com farofão ressuscitando o ex-tropeiro e animais selados para a batalha.
Fortunato decidiu primeiramente descobrir o nascedouro do sol, tendo em vista sua pontualidade diária frente à lua. Em seguida, o presépio da lua. Foram longas viagens sem sucesso algum, deixando-o cada vez mais obcecado pela procura. Mal chegava em um montanha, olhava atrás dela e o sol nascia na outra montanha. Ia para outra....o sol nascia na outra.... Sua família se preocupou com aquilo. Não duvidaram que o velho Fortuna tinha batido a caçuleta. Os membros se reuniram e decidiram o ultimato: interná-lo em um hospício no Rio de Janeiro. Coisas daquele tempo. Traçaram seu destino. Agora, vestido com um macacão botafoguense, Sarney (ali é que o apelido pegou, pois não duvidavam mesmo que era o dito cujo) comentava todos os dias: ainda vou descobrir onde nasce o sol e a lua!
Imediatamente todos o apoiaram na façanha. Uns sem dentes, outros sem roupas, alguns sem unhas, mas todos sem juízo se dispuseram a ajudá-lo, custasse o que custasse.
Chegou o carnaval no Rio: fevereiro em fogo no samba da moçada, no rodopio dos morros fervendo sob pandeiros e tamborins. O vigia do hospício delirou sambando vestido de Zorro, transvestido de Tonto, tamborilando um jogo de chaves de forma eficiente a fazê-lo cair em mãos malucas e alheias. Os loucos ganharam as ruas e se vestiram com fantasias perdidas pelas calçadas, aos montões.
O hospício deu alerta pelas rádios que só tocavam samba e não era possível encontrar loucos no meio de milhares de napoleões, césares, fantasmas, duendes, arlequins, etc. Sarney vestido de Lampião, com uma demente feia vestida de Maria Bonita, após um fatigado dia carnavalesco, deitou-se nas areias da Praia de Copacabana. Quando o dia se ilumina, lá vem o sol de dentro do mar! O velho sorriu satisfeito. Resolveu passar mais um dia de carnaval com sua companheira naquela maravilhosa praia. A tarde veio caindo. Olhando em direção à praia, viu a bela lua cheia saindo de dentro do mar.
No dia seguinte, conseguiu uma carona em um caminhão e voltou completamente curado para a sua terra natal. O enigma de sua curiosa esfinge estava descoberto. A família percebeu que ele não tinha mais a doença mental. Sarney ficava sorrindo de feliz. Quando alguém lhe perguntava, "onde nasce o sol e a lua?", ele respondia calmamente: "ambos os dois conjuntamente nascem na Praia de Copacabana!".
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
O que é o amor?
Onde fica o amor?
Por que se embriaga quem ama?
Na cabeça?
Por que se alucina quem ama?
No coração?
Por que fica criança quem ama?
No sexo?
Por que se translada quem ama?
Não, não somente
num determinado lugar!
Ele é bem mais complexo.
Ele, quando vem para ficar,
fica em todos os lugares,
pois ocupa a imensidão do universo.
Quando semente, frutifica,
floresce pés de sóis,
de imagens, de sentimentos,
de nuvens-pensamentos.
Somente os que amam percebem
as ninfas nos seus firmamentos!
E podem intuir sua dança nos céus.
Ele coleciona o antes e o depois
de todos os momentos a dois.
No amor pode haver algum desentendimento?
Claro, não seja beato,
a beatitude do amor é o momento exato,
ou seja cada segundo de cada momento.
O amor é travesso na sua vestimenta,
onde escreve a história de dois
no direito e no avesso.
Em quem você adora, pode tocar
com uma flor,
tocar macio, como a paixão da primavera
passa suas mãos sobre a natureza e
a plenifica com o mundo da cor.
O verdadeiro amor?
O amor não é tecelão de mentiras e
não caminha pela senda dos enganadores.
Todo amor é verdadeiro,
seja ele o último,
seja ele o primeiro.
Porém, ele como fada, quando
toca sua vara de condão,
uma canção de ninar
transpassa o coração.
Quando ele atravessa o tempo
ele tange o cotidiano,
com o seu violino permanente.
O amor é presente,
é um amanhecer no poente,
é um anoitecer no nascente.
É uma lua cheia na minguante,
é uma lua instante na nova,
o amor a cada dia nos prova,
que sendo inverso de si mesmo,
ele é um pequeno gigante,
quando tangente se agiganta,
quando se eleva, se renova,
num imenso pequenino brilhante,
e se faz poesia na prosa.
Por que se embriaga quem ama?
Na cabeça?
Por que se alucina quem ama?
No coração?
Por que fica criança quem ama?
No sexo?
Por que se translada quem ama?
Não, não somente
num determinado lugar!
Ele é bem mais complexo.
Ele, quando vem para ficar,
fica em todos os lugares,
pois ocupa a imensidão do universo.
Quando semente, frutifica,
floresce pés de sóis,
de imagens, de sentimentos,
de nuvens-pensamentos.
Somente os que amam percebem
as ninfas nos seus firmamentos!
E podem intuir sua dança nos céus.
Ele coleciona o antes e o depois
de todos os momentos a dois.
No amor pode haver algum desentendimento?
Claro, não seja beato,
a beatitude do amor é o momento exato,
ou seja cada segundo de cada momento.
O amor é travesso na sua vestimenta,
onde escreve a história de dois
no direito e no avesso.
Em quem você adora, pode tocar
com uma flor,
tocar macio, como a paixão da primavera
passa suas mãos sobre a natureza e
a plenifica com o mundo da cor.
O verdadeiro amor?
O amor não é tecelão de mentiras e
não caminha pela senda dos enganadores.
Todo amor é verdadeiro,
seja ele o último,
seja ele o primeiro.
Porém, ele como fada, quando
toca sua vara de condão,
uma canção de ninar
transpassa o coração.
Quando ele atravessa o tempo
ele tange o cotidiano,
com o seu violino permanente.
O amor é presente,
é um amanhecer no poente,
é um anoitecer no nascente.
É uma lua cheia na minguante,
é uma lua instante na nova,
o amor a cada dia nos prova,
que sendo inverso de si mesmo,
ele é um pequeno gigante,
quando tangente se agiganta,
quando se eleva, se renova,
num imenso pequenino brilhante,
e se faz poesia na prosa.
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
QUEM FOI QUE ESCONDEU A JIBOIA?
Quando Otávio encostou sua camionete Chevrolet big foot de luxo em sua garagem não poderia imaginar o que estava para acontecer em sua vida. Pela leitura do relato, verão que tudo mudou em sua existência a partir daquele dia em que uma cobra jiboia dormia no banco de trás de seu veículo.
Otávio morava naquela mansão há quase um ano. Sozinho, quarentão, somente sorvendo pelas melancólicas melodias de sábados à tarde, seus mal vividos amores. Milionário, mas como se diz pelos cotovelos, dinheiro não traz tudo. Por exemplo, não compra felicidade.
Ele só não conseguiu entender como viajou de sua fazenda até ali, com uma jiboia dentro do carro, sem perceber.
Agora a cobra começava a roncar, mas susto não era para ele. Fazendeiro, plantador de café, criador de gados e vacas leiteiras, não se intimidaria tão facilmente assim.
Pensou em sua solidão. Naquela mesmice de sempre. Chegar a casa, tomar banho, comprar alimento pelo celular. Ligar a tevê paga. Dormir a hora que o sono chegasse, quando chegava.
Seu cachorro preferido morrera de velho. Seu velho companheiro se fora com um olhar lacrimoso de adeus.
Resolveu adotar a jiboia. Viveria na casa do cachorro. Traria carnes todos os dias. Antes uma amiga destas do que ninguém com quem reclamar de suas dores.
A nova rotina transformou seus novos dias. A cobra já o conhecia e lançava-lhe junto com sua enorme língua, um olhar de bondade e de alegria.
Dias vem e vão. A cobra sumiu! Como foi? Procurou por todo o quintal e pela casa toda. A porta da casinha estava aberta. Procurou até mesmo pelo telhado. Não podia dar alarme nenhum, pois ficou com medo do IBAMA.
Mergulhou em tremenda depressão com saudade da jiboia. Não dormia mais à noite. Não tomava banho. Não se barbeava. Não ia mais todos os dias para a fazenda. Seu carrão começou a ficar sujo. Ele andava com roupas sujas e amarrotadas.
Não se alimentava corretamente. Por aí vocês imaginam a falta que uma jiboia pode fazer. Mas não perdeu a inteligência. Talvez seja por este motivo que se diz: “Todo louco é muito sabido!”. Claro, pois a loucura leva tudo, menos a inteligência!
Andando um dia à noite pelo quintal, escutou uma voz vindo da casa da vizinha: “Minha queridinha jiboia, você sabe que te amo!”.
Não duvidou. A cobra estava morando com a vizinha! No outro dia de manhã apertou sua campainha. Demorou ser atendido. Sua vizinha também era uma solitária igual a ele. Rica, mas pobre de carinho e de companhia.
Quando ela apareceu ele foi logo gritando: “Vim buscar a jiboia!”. Ela nem o conhecia. Nunca o tinha visto. Era tão solitária que não colocava o rosto para fora. Nem deu tempo. Morava há apenas dois meses ali. Comprara aquela mansão vizinha do Otávio. Percebeu que fora descoberto seu furto. “Quem é o senhor?”. “Sou seu vizinho do lado! A senhora sabe que é proibido conservar jiboia dentro de casa? É considerado crime contra os animais! Pode dar até mesmo uma prisão!”.
“Pode dar para mim e para o senhor também!”.
“Vamos dividir então nosso tempo com a jiboia! Um dia para você e outro dia para mim!”
Otávio mandou derrubar o pequeno muro entre as duas mansões. Assim jiboia vai, jiboia vem, jiboia vai, jiboia vem. Nasceu entre eles uma intimidade em nível de paixão.
Casaram-se, finalmente! Quem podia imaginar que uma jiboia uniria dois seres solitários?
sábado, 14 de dezembro de 2013
PEDRO BOBO A MIL POR HORA EM FRENTE AO DISCO VOADOR
Pedro bobo era guarda? Pedro bobo era vigilante? Pedro bobo era segurança? Pedro bobo era porteiro?
Talvez todos os adjetivos que lhe foram postos e acima de tudo bobo! Não pela profissão de guarda. Nem de vigilante. Muito menos de porteiro. São todas profissões dignas do maior respeito. Assim como aqueles que as realizam com dignidade.
Dignidade, seja bem dito. Não bobeira! Pedro bobo julgava-se autoridade. Dono da palavra. Senhor absoluto daquele pequeno reino. Constrangia por um simples movimento das sobrancelhas. Ou pelo dedão em riste na frente de qualquer operário.
Perdoem-se aqui chamar operário de peão. Peão com todo respeito. Operário com toda a dedicatória que merece. Peão como uma advertência de que não existe peão bobo. Peão é cara rodado. É cara que já andou muito. Cara bem calejado. Com cara assim não se deve abusar. Não se constrange cobra criada.
Mas Pedro era bobo mesmo. Não sabia que peão é diplomado pela faculdade do mundo com pós grado pela universidade da vida.
A indústria funcionava com alto índice de produção. Significa pelo resultado que a peãozada sabia o que estava fazendo.
Os técnicos e engenheiros só passavam nos locais de trabalho para dar um visto nas planilhas, pois o resto ficava por conta da turma.
Mas Pedro bobo é daqueles caras que gostam de fazer nome em cima da caveira dos outros. É tipo assombração de cemitérios.
Colocava a sua farda bem alinhada, um cassetete na cintura, um quepe aprumado e saía pelas áreas de serviço chamando atenção de todos.
A turma já estava de olho nele. A indústria ocupava uma área de sete alqueires de terra, aproximadamente trezentos e cinquenta mil metros quadrados. Uma grande parte era de morro com mato baixo fechado.
Nesta região ficavam as imensas caixas de água que abasteciam a indústria. Pedro bobo fazia uma ronda noturna por uma estradinha sinuosa.
Gostava de apanhar peão andando por aquelas bandas ou tirando cochilo em volta das caixas de água.
A turma armou uma baita para ele. Dois peões esconderam-se em uma moita de mato, à beira da estradinha, com um bujão de extintor de incêndio com pó químico.
Quando o Pedrão vinha assoviando numa boa, dispararam o extintor sobre o gajo, que não só tomou um susto, como engoliu o apito.
Saiu a mil e quinhentos quilômetros por segundo de susto. Passou por cima do galinheiro do refeitório. Pulou sobre dezenas de carros no estacionamento. Apitando para dentro e para fora que nem panela de pressão explodindo.
Conseguiu chegar à guarita dos guardas na seguinte situação. Estava todo rasgado. Com dois marrecos mortos debaixo do braço direito. Cheio de arranhões. Uma moita de carrapicho presa na sua cabeça. A camisa sem um botão, com um retrovisor de carro no bolso.
Um pé de galinha pendurado no cós da calça.
Como ele havia passado em frente às caldeiras, o pessoal do acabamento pensou que elas estavam explodindo, por causa do apito soprado e inflado somando-se à respiração alternada.
Uma correria danada se estabeleceu dentro da indústria. A turma vazou. A produção parou completamente.
O encarregado geral aproximou-se do famigerado Pedrinho para saber o que houve.
“Fui atacado por um disco voador!”. “Não brinca! Onde foi isto?”.
“Lá no morro das caixas de água!”.
Solicitaram uma investigação policial sigilosa.
Resultado: “Brincadeira mal intencionada em serviço!”.
“Feita por quem?”. Quem vai saber. Se existem três coisas sem explicação, a primeira delas é a origem do mundo. A segunda a rádio peão. A terceira será a fidelidade do silêncio no meio da peãozada.”
E Pedro? Continuou mais bobo do que antes. Virou uma piada. Perdeu totalmente a moral. A indústria colocou-o para simplesmente ajudar os guardas. Passou a ser a quarta pessoa da santíssima trindade da segurança do local. Tem gente que precisa passar por uma destas para cair na real.
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
O HOMEM MELANCIA
O supermercado estava lotado. Todas as galerias movimentadas com carrinhos abarrotados. As pessoas demonstravam muita pressa. Medo da tempestade. Medo antigo e arcaico, desde os remotos tempos em que o homem não conhecia cientificamente os fenômenos da natureza.
Somente Seu Tinoco aparentava calmo. Paciência de Jó. Para acrescentar aquela repetida frasesinha: “Seja o que Deus quiser!”.
Está no standard de frutas e segura a meia banda de uma melancia. Passa um homem moreno e forte com óculos de aros grossos e diz: “Pode levar que ela tem como ficar boa!”.
“A minha preocupação é se está doce ou não! Dizem que quando a melancia fica meio brilhosa igual a vidro, é porque está doce!”. Respondeu Seu Tinoco.
“Eu não me preocupo com isto! A minha mulher sempre diz: se a melancia não estiver doce, o Ulisses dá um jeito nela!”.
“Mas se ela não estiver doce, não tem jeito!”.
“Não tem? Eu coloco açúcar nela! A minha mulher não sabe que eu faço isto! Ela pensa que sou mágico!”.
“Mas assim, tudo dá certo! Eu apanho um punhado de sal, coloco açúcar nele e faço doce de sal! Ainda mando para você e sua mulher experimentar!”.
“Meu querido, você vai chegar atrasado lá em casa! Eu faço doce de sal há muitos anos. Todos os vizinhos adoram. Só que não falo para eles sobre os ingredientes. Você sabe como as pessoas são! Se a gente disser perde a graça. Além do mais coloca uma preocupação na cabeça deles e pronto. Acaba a brincadeira! Estou inclusive com a vontade de registrar patente deste doce.
É um doce fácil de fazer, uma vez que só leva dois produtos muito comuns nos supermercados: o sal e o açúcar!”.
“Daqui a pouco o senhor vai me dizer que já fez doce de pimenta malagueta!”.
“Claro que já fiz e fica muito bom, uma beleza!”.
“O senhor está brincando comigo! Deve arder demais!”.
“Depende da quantidade de pimenta que a gente coloca! Eu coloco apenas uma pimenta para meio quilo de açúcar e fica excelente! Os vizinhos também adoraram. Eu não digo para ninguém qual é o meu segredo. Depois que patentear posso falar à vontade. Por enquanto não. O meu psiquiatra me aconselhou a parar de fazer estes doces por enquanto. Dar um tempo. Mas estou fazendo escondido dele!”.
“Então ele sabe que você faz estes doces?”.
“Claro que sabe! Mas eu não devia ter contado isto para ele!”.
“Pois é, ele pode correr na sua frente e registrar as marcas!”.
“Nossa eu não tinha pensado nisto! Amanhã mesmo vou providenciar o registro destas patentes!”.
“Até mais meu amigo! Quem sabe você pode fazer algum talco com lã de vidro!”.
“Já pensei nisto, mas não acho muito viável. Só vai ter saída na época do carnaval! Até logo!”.
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
Galinhagem no coletivo
A confusão aconteceu dentro de um coletivo. Os ônibus separam algumas cadeiras da frente, para portadores de necessidades especiais, idosos e mulheres grávidas.
Estas cadeiras estavam todas preenchidas, quando uma senhora entrou. Apesar de ter passado dos setenta, ela apresentava-se bem espertinha, mas direito é direito. Só no espelho que existe uma reversão do direito para o esquerdo.
O bate boca iniciou-se logo ali ao redor do motorista. Todos os lugares estavam ocupados por idosos, mas uma cadeira da frente, à esquerda, na janela, continha uma moça. A idosa pediu-lhe lugar e ela balançou a cabeça negativamente.
Esta senhora ficou nervosa, pagou a passagem e foi lá para trás, onde um jovem concedeu-lhe o direito de sentar-se. “Pelo menos encontrei uma pessoa com educação aqui dentro deste ônibus!”.
A moça que permanecia lá na frente, fez um sinal obsceno com o dedo da mão direita para trás e a senhora que estava ao seu lado, identificou-se como sua mãe e gritou:
“Respeite minha filha, sua velha coroca!”
“Como vou respeitar a sua filha se ela não tem educação nenhuma e não respeita os mais velhos?”
“Minha filha tem carteirinha e pode sentar aqui. Está dentro da bolsinha dela!”
“A sua filha vai rodar esta bolsinha lá no cais do porto?”
“Velha coroca, minha filha é especial!”
“Realmente ela é especial mesmo! Ela tem um bunda que dá dois botijões de gás!”
“Velha coroca, a senhora não sabe o que é especial?”
“Sei sim, sua filha é uma galinha invertida bem requisitada no pedaço!”
Neste momento, a idosa levantou-se do seu lugar lá pelo meio do ônibus e começou a sapatear e a cantar igual a uma galinha, para implicar com as duas lá na frente: “Có co ró co ró có có! Có co ró co ró có có!”
A mãe da moça especial gritou: “Olhem minha gente, a galinha aí atrás botou um ovo!!!”. Ela se aproveitou da ocasião, para retribuir a implicância da idosa que chamara sua filha de galinha!
“Eu não estou botando ovo não! Estou chamando a atenção do povo para a galinha sua filha! Não está vendo que estou cantando e apontando para vocês?”
Neste momento a filha especial se levantou e urrou: “Galinha velha não bota ovo!”. A idosa retrucou: “Se você fosse doida, não raciocinaria assim! Você não é doida coisa nenhuma! Está fingindo de doida para levar vantagens!”
“Velha coroca, até doido sabe que galinha velha não bota ovo! Galinha estressada também não bota ovo!”
“Galinha é você minha querida bundudinha! Você bota ovo para dentro!”
O motorista não aguentou e desabafou: “Parem com esta patifaria! Parem com esta galinhagem, antes que apareça um galo no terreiro!”
O pessoal dentro do ônibus, em uma gritaria ensurdecedora: “Có co ró, co ró, có có! Có co ró co ró có có! Có co ró co ró có có! Có co ró co ró co có!”.
O motorista sinalizou para a direita e parou em frente a dois policiais que estavam em pé na calçada.
Um senhor sentado à frente, saltou e disse: “Entrei em um ônibus errado! Pensei que era um coletivo, mas é um veículo transportando galinhas para a feira!”.
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
QUAL A GRANDE LIÇÃO QUE O POETA APRENDEU EM SEU CAMINHO?
Queria voltar ao passado e trazer-me a mim. Mas não gostaria de voltar com as mãos vazias. Gostaria de voltar de mãos dadas e de almas unidas e untadas com o mesmo óleo precioso da unção dos profetas. Gostaria de entrelaçar-me naqueles cabelos adocicados deste óleo perfumado. Não sei o que restou daquele abraço. Não sei para onde foi quem me abraçou. O pensamento não gira como um moinho. Se o pensamento volta, ele é como um pássaro que volta ao seu antigo ninho.
Às vezes pergunto se ela também levou o meu abraço. Às vezes movimento a cortina que nos separa com seu fino linho. Busco encontrar onde ela guardou meu desejo ou escondeu meu carinho. Só conhece um caminho quem vai até o seu fim. O que eu sei do meu caminho? Quando olho daqui para o começo percebo só o tropeço. Aquele dado em cada passo. Em cada porta que abriu. Em cada porta que fechou. Naquele que partiu. Naquele que chegou.
Às vezes pergunto às telhas das casas, àquelas mais altivas e suspeitas de estarem à altura. Aquelas que olham por sobre os ombros dos muros.
Elas que beberam água de chuva em uma caneca de agata. Tenham talvez elas grandes lembranças passadas.
Nenhuma delas me mostrou segura. Todas estavam tão transtornadas. As últimas chuvas foram tão fortes que lavaram suas recordações. Foi então que as percebi nuas. A única nudez necessária é a nudez das mulheres amadas ou a solidão das ruas em tempo de neblina. Eu gosto de andar sozinho sob o maná da madrugada. De vez em quando cruzo a diáspora de minha vida. Imagens envelhecidas, tingidas de cinza, esculpidas pelo tempo já bem eternizadas. Imagens tão belas que desceram pelos seus beirais e caíram nas calçadas.
Estas telhas são como este velho poeta que somente é novo para colher os sentimentos mais profundos que por aí andam a vagar. Sentimentos que são dele e hoje tropeçam no trampolim do espetáculo. A saudade é o maior dos espetáculos. Ela é o pano de fundo de tudo.
Elas também são altivas como sou. A minha altivez é não estar encantado pelas estórias de carochinhas vindas de todos os mundos.
Assim elevo a minha tez e sorrio o meu sorriso de dentro do meu ser. Ainda é preciso caminhar. Caminhar é preciso e se meu caminho não foi preciso, graças a Deus por sua imprecisão. Conheci andarilhos por caminhos bem traçados, bem certinhos. Mas carregavam nas costas o fardo de uma tristeza muito grande. Pois quando não me foi possível andar com as pernas, andei com minh’alma e meu coração. Ainda é necessário balançar ao vento os braços enquanto se caminha.
Ainda é preciso esticar o pescoço para ver o que há mais longe. Bem mais adiante pode estar a vinha. Ou a ilha do sonho e do mel. Nem que seja aquele nunca atingido horizonte. É preciso ir sempre em sua direção. Só ele conhece o sabor do beijo da terra com o céu.
Ninguém está mais no ponto do que o horizonte. O horizonte está pronto. Pronto a receber a dádiva. Pronto a oferecer seus frutos.
Esta é a grande lição que o poeta aprendeu no seu caminho. Nós dois fomos o horizonte. Não nos importa saber quem foi o céu ou a terra. Mas nos importava saber que sabíamos onde estava o onde. O onde verdadeiro e original é aquele lugar onde cada um se esconde com ternura no ponto exato e sabe que é muito bom. Que é bom demais. É onde há coincidência e encontro dos dois desejos. É ali que fica o ponto de mutação. É somente ali de um e de outro onde as energias fervem e se transmutam. Onde o que é bom demais se eleva ao céu.
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
Dr. A.B.Surdo, poeta Drummond e sua temida professora
No tempo em que o Dr. A.B.Surdo estudava seu Ensino Médio, que naquela época se chamava Curso Científico, sua professora de português, a temida Profª Martha, bem cognonimada de Profª Sintaxe, passou no quadro negro o seguinte poema do maior poeta do Brasil:********************************************************************************************************No Meio do Caminho**************************************************************Carlos Drummond de Andrade***********************************************************************************************No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.**************************************************************************Em seguida, escreveu no quadro negro uma pergunta: Que nome dariam àquela pedra? Dr.A.B.Surdo, naquele tempo um simples aluno A.B.Surdo na pauta escolar, levantou-se e disse-lhe: SINTAXE!
A Profª Martha, que também era surda, sorridente respondeu-lhe: “Nossa, como você é inteligente! Eu nunca tinha pensado nisto! O poeta Drummond quando escreveu este poema, estava sentado sobre esta pedra no meio do caminho!”.
domingo, 8 de dezembro de 2013
A justa causa da sedução
Eduardo era pateta e daí! Ninguém tem nada com isto. Cada um nasce conforme sopra o vento. Não prestava atenção nas coisas e daí! Cada coisa tem seus olhos nelas colocados conforme mereçam.
Quando jovem mandaram-no procurar uma escada para pintar roda pés e ele foi batendo de porta em porta e porta em porta batendo em sua cara.
Na escola por dezenas de vezes a mando de alguns espertalhões foi à esquina ver se ele estava lá. Quando chegava à esquina o encontrava e abraçava a si mesmo.
Mas todo pé torto se depara com um chinelo estragado para calçar. Desta forma se casou e muito bem. Chinelo encaixado no pé como manda o figurino.
Por incrível que pareça arranjou um trabalho em um banco, com excelente resultado profissional. Isto até antes a estória do perfume que vou relatando em seguida.
Chegava ao banco bem antes do horário. Já aparecia pronto com gravata, roupa engomada e sapato bem lustrado.
Sem dizer o cabelo à moda Elvis Presley em fim de carreira. Nunca deu um troco errado no caixa.
Deveria ter algum traço de altismo. Para conhecimento de vocês ele sabia a placa de todos os carros da região com nome do dono, ano de fabricação, embora não soubesse dirigir.
Todos os clientes gostavam dele. Ele vivia risonho. Além do mais, ria sem parar de qualquer piada. Inclusive daquelas que não tinham graça alguma.
Mas era necessário primeiro que as pessoas dissessem para ele: “Vou contar uma piada agora!”. Então ele começava logo a rir. Caso contrário pudesse ter a graça que fosse, ele não demonstrava nenhum movimento com os lábios de se abrir em um sorriso.
Isto também era motivo para muito riso. As pessoas pensavam que ele era cômico. Entre a graça de um, a falta de graça com a graça de todos, conseguiu fazer uma amizade imensa.
Deu-se bem no emprego. Só não lhe deram o cargo de gerência de seguros, porque ele dizia estar muito seguro como caixa e não sabia onde estava esta gerência. Ninguém entendia nada e achava isto muito engraçado também.
Um belo dia, a gerência geral chamou-o e apresentou-lhe a carta de demissão com justa causa!!!
Qual era a causa? Bebedeira em serviço!!! Como provar? Estava na cara, ali mesmo na sua camisa!!!
A bebida catingava a camisa toda e não havia quem não percebesse!!!
O gerente apontou-lhe o dedo sobre as manchas na camisa, em presença do subgerente, do tesoureiro e de mais duas testemunhas, clientes espetaculares da agência, um proprietário de uma agência de carros e outro dono de uma cadeia de supermercados.
Eduardo exclamou: “Meu gerente, isto aqui não é bebida não!!! É um perfume francês que minha esposa comprou para mim em São Paulo, na Galeria Pajé!”
“Perfume? Então você vai ter que mostrar!!!”
“É só eu telefonar lá para casa e pedir a minha esposa para trazer o vidro aqui, meu caro!”
Em meia hora a mulher chegou com o vidro na mão e um belo discurso: “Meus amigos, fico feliz pelos senhores perceberem a minha inteligência! É só encomendar que trago para todos vocês e para quantos quiserem! O perfume estava barato demais. Perfume francês puríssimo!!! Olhem o tamanho do vidro e a marca original: Cointreau – triple sec, produzido em Saint – Barthélemy d’Anjou – Angers – France!”
sábado, 7 de dezembro de 2013
A fronteira do monólogo
Qual era o maior problema de Paulo? As pessoas não lhe davam a menor atenção. Ninguém lhe ofertava a mínima!
Tentava se comunicar com todo mundo, mas não era notado. Não lhe percebiam. Começou a ficar ansioso. Quando via uma roda de amigos e se aproximava e perguntava alguma coisa, não encontrava nenhuma resposta advinda deles.
Sentiu-se desaparecido completamente. Uma ansiedade começou a tomar conta do seu espírito. Quanto mais ela crescia, mais desesperadamente ele tentava comunicar-se e acabava-se frustrado.
Chegou mesmo a pensar que havia morrido. Imaginou que não estava mais no mundo real. Deveria ter falecido de repente e poderia estar com a sensação pós morte de que ainda vivia no mesmo meio de quando estava vivo.
Então decidiu retirar-se de toda a realidade. Refugiou-se no último quarto de sua casa. Ela por si mesma já refletia abandono e solidão.
Muito antiga, escondida no meio de um pomar, bem retirada da rua. Mais do que nunca ele desejava conversar alegremente com os amigos, pois já morava solitariamente. Como não houve uma forma de realizar esta sua vontade, não teve outra saída.
Trancou-se naquele último quarto, aquele em que o tom da solidão atingia seu último grau.
Mas o que realmente aconteceu com Paulo? Teria ele morrido subitamente?
Não! Não foi isto o que aconteceu. O que houve é o que está havendo diariamente. Falta de diálogo! Ninguém dialoga mais. Está todo mundo querendo falar e falar e não escuta o outro. As pessoas se sentam nas mesas dos bares para olhar um para a cara do outro e iniciar o seu monólogo permanente.
Todos querem informar tudo acerca de si. Notamos esta atitude nas primeiras horas das segundas feiras quando voltamos à nossas atividades habituais.
Cada um vai chegando antes de dar bom dia a todos! E assim começam a falar tudo o que fizeram no final da semana. Se saíram ou não, onde foram, o que fizeram quando estavam em casa. Há quem chegue ao cúmulo de revelar até mesmo seus mais íntimos relacionamentos!
Deus nos deus uma boca e duas orelhas, mas não damos ao próximo um minuto de atenção. Paulo não morreu. A sociedade é que morreu para ele.
Um dia ele abriu sua janela de frente para uma mangueira quando escutou um canto: Bem te vi! Bem te vi!
Ele respondeu: Eu também te vi! A partir daí começou a conversar com toda a natureza. Dialogava com os pássaros, as flores, as plantas, a chuva, o sol.
O homem antes da sociedade é um ser de comunicação. Portanto, viver em uma sociedade por mais organizada e avançada que seja, se lhe faltar comunicação, ele não conseguirá sobreviver.
Até onde sobreviverá a nossa sociedade? Se vocês quiserem se comunicar comigo, me respondam em mente e intenção.
Mas vamos fazer um trato? Hoje mesmo sairemos pelas ruas e ouviremos atentamente ao nosso interlocutor.
Também abriremos nossos corações para ouvir os pássaros, as flores, os rios, os montes, os campos e saberemos que mesmo nas mais duras pedras, o Espírito do Altíssimo palpita dentro delas!
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
MADIBA: Adiós! Hasta siempre!
O que aprendi com meu mestre Madiba? Primeiramente a dar adeus com o coração. DIM DOM DIM DOM DIM DOM Adeus Madiba! Até a próxima vez quando nos encontrarmos em algum lugar deste imenso universo! Seu discípulo ainda tem muito que aprender!
Desejo ser neste texto o mais original possível. Não quero escrever as mesmas palavras e as mesmas ideias que o mundo inteiro escreverá.
Madiba me ensinou a ser diferente. Assim foi em vida. Necessito ser sui generis. Antológico na estrita e correta mensagem.
Madiba me ensinou que os anjos também podem nascer homens. E sendo que são anjos, nascerão onde houver mais necessidade humana.
Madiba me convenceu que o Cristo nasceu no lugar certo. Na hora certa. Os anjos estão a serviço da humanidade.
Vocês pensam que é fácil nascer anjo? Olhem, não é coisa para qualquer um. Vestir esta carcaça humana, quando se sai do seio de Deus, somente cabe aos anjos especiais.
Imaginem que Deus um dia nos convidasse para fazer uma grande obra. Tendo em vista que os cães necessitariam de dar um passo em seu caminho de evolução, nos convidaria a nascer cães. Ensinaríamos a eles não se estranhar, não latir fora da hora, enfim uma porção de coisas boas, mas tendo em vista que eles já possuem o fio do amor.
Ensinaríamos a eles desenrolar este fio para chegar mais próximos de Deus.
Quem entre nós aceitaria esta façanha? Nascer cão. Viver cão. Morrer cão. Tendo ou não um bom dono. Sem nenhuma escolha.
Madiba me mostrou que os anjos vêm e vão como na escada do sonho de Jacó. Como fui ingênuo pela vida!
Pensava que os anjos eram branquinhos, batiam suas asas dando um show de voos por todo o espaço.
Pensava que tinham os rostinhos de nenéns! Oh! Meu Pai Celestial me perdoe a minha ingenuidade.
Ensinaram-me assim. Via-os tocando flautas e voando sobre minha cidade natal! Oh! Meu Deus me perdoe por não ter percebido que um anjo Seu vivia em carne e osso do outro lado do atlântico!
Não percebi somente quando criança. Mas quão bom seria se tivesse percebido! Não sabia que os anjos são cavaleiros da paz, da tolerância, da justiça, da igualdade, fraternidade e liberdade! Fui saber disto muito mais tarde. Mas soube a tempo!
A tempo de me inclinar ante você meu mestre Madiba e ganhar seu sorriso como um presente de natal. Sinto-me menino outra vez. Coloquei meu coração na soleira de minha janela virada para o quintal e você colocou seu sorriso dentro dele.
Por isto todos os meus dias são natais. Em todos os meus dias eu vejo o menino da esperança nascer em cada olhar de criatura humana que encontro pela frente. Em todos eles vejo as duas estrelas de bondade do olhar de Madiba! Elas não se apagaram. Multiplicaram-se em bilhões pelos olhos de todos os homens. Como eneões de estrelas pelo universo. Como os filhos de Abrahão!
Todo aquele que amar ao Altíssimo sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, será chamado a ser filho de Abrahão!
Adiós Madiba! Hasta siempre!
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
A mulher que detestava vidraças
Quem visse Marlene andando pelas ruas não suspeitaria do que se passava dentro de sua mente. Se pudesse, ela carregaria na bolsa centenas de pedras para atirar em todas as vidraças possíveis.
Uma vez sonhou que andava no shopping. Sua enorme bolsa produzia pedras infinitamente. Quanto mais caminhava por suas galerias vazias, mais pedras atirava e destruía todas as vidraças pela sua frente.
Quando olhava para trás, os cacos voltavam todos para seus lugares anteriores reconstruindo as vidraças.
O que Marlene não sabia deste sonho? As vidraças são os mais terríveis espelhos para quem quer se esconder de uma sombra interior insuportável.
Os espelhos também incomodam a estas pessoas. Mas não são comuns em todos os lugares. Geralmente ficam escondidos nos banheiros das casas ou atrás das portas dos guarda roupas. Quem os inventou sabia perfeitamente da força poderosa por trás deles.
As vidraças não há como evitá-las. Espalham-se por toda a parte. São espelhos embutidos no próprio mundo exterior.
As vidraças devolvem a pessoa justamente como ela é. Com os mesmos brincos, os mesmos colares, os mesmos vestidos, os mesmos sapatos, a mesma aparência.
Além disto ela nos obriga a nos olharmos de uma maneira mais bela. Elas nos chamam a uma perfeição. Elas nos incitam a mantermos em uma posição mais atraente.
Porém, tudo complica quando elas nos mostram da mesma forma que lhes enviamos nossas imagens.
As vidraças também refletem o interior dos ambientes. Esta reflexão pode se reduzir além do ambiente. Pode ir ao infinito. Levar ao passado. Conduzir a um tempo não tanto agradável para algumas pessoas.
As vidraças apresentam as pessoas invertidamente. O direito assume o lugar do esquerdo, pois elas têm a mesma função dos espelhos.
Para muitas pessoas elas podem resgatar o que está bem atrás, bem distante e colocar muito perto, diante delas.
Quando as pessoas possuem resistências a mudanças ou dificuldades em compreender o passado, estes movimentos incomodam bastante.
Por este motivo e por outro especial, Marlene não suporta vidraças. No seu sonho com o shopping vazio, ela demonstra bem nitidamente que também não suporta as pessoas.
Marlene é narcisista. Quer ver-se a si mesma. Mas é um narcisista onipotente. Quer ver-se a si mesmo, sem necessidade de colocar-se frente a frente consigo mesmo. Sem suportar o regresso de sua própria imagem.
Sem estar de confronto com o passado. Sem possibilidades algumas de inversões e mudanças. Marlene além de um amplo tratamento psicanalítico necessita urgentemente de compreender um argumento fundamental: Onipotente, oniconsciente e onipresente só existe um ser: DEUS!
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
A mulher que se casou com uma almofada
A mesma cena todos os dias. A televisão ligada, a poltrona em frente e o cara espichado na mesma.
Faça chuva ou sol. Caia tempestade ou insolação. Seja feriado, dia comum, de santo ou não. O homem deitado de comprido na poltrona da sala.
A mulher não sabia mais o que fazer. Não só pelo que fazer. Ela fazia tudo. Do trabalho duro de cada dia, ao supermercado, à feira, ao cuidado com a casa. Do IPTU ao condomínio, assim como cuidar de todas as correspondências e atributos exigidos em um lar. Que lar?
Não era só esposa. Além disto, empregada doméstica, provedora, motorista, mensageira, garçonete, camareira e muito mais.
Até não aguentar a permanência desta situação.
Qual a atitude a tomar? Resolveu dar um fim na poltrona. Como toda pessoa que não percebe qual a verdadeira causa de seus males, busca uma causa externa.
Inicialmente pensou em botar fogo na poltrona. Mas em seguida ficou com medo de pegar fogo na casa também.
Outra medida seria colocar não sabia como, um casal de ratos morando dentro da armação de madeira do estofado.
Porém, teria outro problema maior. Os ratos produziriam dezenas de outros ratinhos e a situação ficaria bem pior.
Uma ideia no início pareceu-lhe brilhante. Fingiria sonambulismo e jogaria a poltrona pela janela do sétimo andar.
Mas um impedimento apareceu como um relâmpago. Sozinha não conseguiria executar tal façanha. Arrumar uma pessoa para ajudá-la? Qual a vizinha que seria sonâmbula coincidente?
As vizinhas moram em outros apartamentos e sonham outros sonhos mesmo quando acordadas.
Então resolveu vender a poltrona. O anúncio foi bem feito. A mesma era de qualidade e segundo sua publicidade feita com couro de búfalo.
Como hoje em dia compra-se tudo em suaves prestações, durante quatro meses não apareceu ninguém interessado na compra. O homem continua colado na poltrona!
Finalmente, tocou-lhe a campainha. Um casal se interessou pela relíquia. Muito sorridente o homem e bem sisuda a esposa.
Entraram e observaram bem a poltrona. Gostaram de tudo e do preço. Menos de uma coisa. Aquela coisa que todos vocês já sabem.
Não gostaram da almofada. O velho ditado tem toda a razão. O hábito faz o monge.
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
A mulher que não podia casar-se
Ela não podia casar-se, pois seu sonho íntimo era ler sem cessar, até atingir a última ilha do grande oceano da literatura. Eles se conheceram enquanto o encantamento chegou ao nível dos contos de fadas. Podemos dizer que Cupido, o deus do amor, não só atirou-lhes setas, como também lhes abriu todas as janelas da felicidade.
Quantas janelas possui a casa da alegria total? Bom, uma resposta impossível de acertar, tendo em vista que cada pessoa faz uma ideia própria deste tema. Cada um resguarda seu próprio pensar e dentro dele traça as fronteiras dos seus desejos.
Presume-se esta moradia para dois ou mais. Ser feliz sozinho é impossível. Digamos, concede espaço para o egoísmo.
A felicidade é um bolo de aniversário para ser repartido com todos. Em cada pedacinho do bolo reside o bem estar de cada um. Eis aí o simbolismo elaborado do anfitrião da festa se subdividindo a todos em cada partícula comestível.
Mas o que pode acontecer quando existe neste lar uma janela que se abre só para um? Vamos ver com o andar desta carruagem.
Ela ostentava uma janela que dizia ser só dela. Não abria a mão de jeito nenhum para ninguém passar por ela.
Acreditava ter traçado assim o seu arco íris pessoal, individual, não divisível com outro. Ela se abria para uma sala de leituras cuja porta e cuja chave somente pertenciam a ela.
Dizia de cabeça erguida: “Casamento não é comigo não! Eu quero ler todos os livros que puder! Uma vida de casada vai impedir-me ficar os dias inteiros saboreando meus livros!”
Assim, viveria de namoricos. Pequenos namoros aqui, incompletos namoros ali e etecétera e tal, uma vez que milhares de livros não lhe permitiriam uma vida a dois.
Ora, todo desejo desenfreado tem algo muito forte por trás dele. Na vida, quando estamos harmonizados, navegamos com bandeiras a meio palmo.
Uma coisa um pouco parecida com aquele poema de Cecília Meirelles: “Não sou alegre nem sou triste. Sou poeta!”. Pois é, a vida dita normal é a vida do poeta!
Desejos volumosos por fazer coisas sucessivas, por atingir pontos os mais distantes de si, podem ter uma razão intrapsíquica muito forte que deve ser desvendada, para que haja cura. A pessoa desejosa desta forma não tem noção disto. Mas é preciso aprofundar-se em suas origens. Pode ter como origem um transtorno advindo na época da amamentação, como por exemplo, falta de leite no seio materno ou uma mamadeira com bico deficiente. Entre outras causas.
Pois caso contrário, esta energia nunca será realizada e se desviará continuamente para outros fins esgotando o ser.
É preciso que o indivíduo antes que sucumba, pergunte se é ele quem tem esta vontade ou se é esta vontade quem o possui.
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
Juanita, a mulher de outros sonhos
Como os velhos marinheiros sentem lembranças de seus antigos barcos e suas proezas e aventuras pelo oceano, ilha por ilha, horizonte por horizonte ou como os pássaros têm saudades de seus primeiros ninhos e não há quem explique donde vêm estes sentires; Juanita recordava do mais longevo de seus amores.
Antes será necessário explicar, uma vez que nem todos conhecem esta estória real, como ocorreu o primeiro encontro com Fabiano.
Em uma noite daquelas em que a alma necessita de espaço e ar, cansada da prisão domiciliar da solidão, resolve saltar sobre os umbrais de sua angústia e buscar uma terra firme para pisar, foi o estopim para o início de seu romance.
A busca da terra prometida com favos de mel caindo em cachos do céu, mais do que maná no deserto da fuga dos filhos de Jacó, é um dos arquétipos mais antigos da humanidade, anterior ao êxodo egípcio.
Assim se justifica a busca nossa de cada dia pela paz ou felicidade. Assim justificamos aquela brusca saída de Juanita pela noite de chuva fina. Inclusive enfeitando-a com seu lindo corpo esguio navegando pelas calles.
Fabiano foi colocado ali, não sabemos por quais mãos, uma vez que tenhamos de duvidar das únicas mãos do destino como absolutas e imperativas em nossas vidas.
Um galã, um sedutor e acima de tudo um homem de palavras meigas e suaves roçando ao pé do ouvido. Era tudo isto que Juanita necessitava naquele momento.
Frases em tom de melodias que arrancavam-lhe extensos suspiros de dentro do seu coração à espera de um grande amor.
Na fila do cinema, na praia, no campo, na cama, Fabiano era o homem que ela sonhava. Não sei até onde podemos crer nos sonhos que nós mesmos sonhamos. Talvez seria mais seguro crer naqueles sonhos que outros sonham por nós em nossos sonhos.
Pois estes outros podem ser nossos verdadeiros “nós mesmos”, desconhecidos racionalmente por nós.
As coisas mudaram sensivelmente quando Juanita adoeceu. Uma dengue terrível atacou-lhe brutalmente jogando-a em uma UTI por uma semana. Acrescentando mais quinzes dias de internação sem nenhuma presença física de Fabiano, não será preciso acrescentar mais nada.
Após sua alta hospitalar Fabiano chegou à sua casa mostrando-lhe um montão de filmes que assistira enquanto ela estava ausente em tratamento de saúde.
Ela apenas bateu-lhe a porta em sua cara, como se diz popularmente. Caíra-lhe a máscara. Uma fantasia por mais bem feita que seja, também costuma ser pesada. Não há como carregá-la por muito tempo. As máscaras são como os rótulos de muitas bebidas. Podem ser muito lindas, mas após sorver o invólucro o indivíduo vai conhecer o verdadeiro gosto do produto.
Não podemos dizer que Juanita encontra-se novamente só. Digamos que ela convive com a lembrança de um antigo amor. Um cara muito estranho, meio mago, meio louco, mas que se preocupava com sua saúde, com seu bem estar e com sua felicidade.
As mulheres que jogam fora seus verdadeiros amores, pois muitas vezes não eram totalmente perfeitos, mas riam de suas fragilidades, envelhecem lembrando de seus grandes amores.
Uma espécie de sabedoria. O saber posteriori de quem não teve a habilidade sensível de conhecer um verdadeiro amor a priori.
Esta sabedoria cerra a porta da solidão.
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